UGT quer acordo de rendimentos para enfrentar a crise

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O novo Secretariado Nacional da UGT, antes de ir para férias, a 28 de julho passado, aprovou uma esclarecedora Resolução intitulada «VAMOS FALAR DE SALÁRIOS-POR UM VERDADEIRO ACORDO SOBRE SALÁRIOS,RENDIMENTOS E COMPETITIVIDADE» onde envia alguns recados para os patrões e governo  exortando este a um conjunto de medidas que quer introduzir no dito Acordo.A linguagem é também significativa ao utilizar o verbo «exortar», quase, ou mesmo inédita, na linguagem sindical,embora utilizada em instituições eclesiásticas.

O principal recado é que não haverá Acordo se não se colocar no centro do mesmo os aumentos salariais para os trabalhadores e lamenta que o assunto tenha vindo a esmorecer no grupo de trabalho da concertação social.Ou seja, para a UGT o Governo e patrões falam cada vez menos no assunto tão importante para os trabalhadores.

Assim, pela dita Resolução verificamos que a « A UGT reitera a sua inteira disponibilidade para firmar o Acordo de Concertação Social de médio prazo que reponha e valorize significativamente os salários e os rendimentos de todos os trabalhadores e suas famílias, mas reitera também a sua inteira disponibilidade para encontrar, através do diálogo social, os caminhos que resolvam desde já, e para já, os atuais problemas com que os trabalhadores e suas famílias se confrontam de real perda de poder de compra e de desvalorização abrupta dos salários e rendimentos.»

Todo o coração num Acordo de Rendimentos

A Central UGT coloca assim todo o seu coração num acordo de rendimentos que venha responder ao aumento histórico do custo de vida em Portugal , na Europa e no mundo.Mas o Governo vai protelando esse acordo e os respectivos eventuais compromissos .O Verão vai ajudando.O documento coloca ainda algumas propostas que devem integrar o futuro acordo.

Nesta linha e nomeadamente « a UGT exorta o Governo a promover com urgência alterações nos mecanismos fiscais de formação de preços dos bens alimentares e nos combustíveis domésticos e a encontrar, em diálogo social alargado, mecanismos de resposta à reposição do poder de compra para todos os ativos e para os reformados e pensionistas já no corrente ano. E já estamos quase no fim do verão e nada!Talvez em setembro.

A UGT exorta ainda «o Governo que, a exemplo do que foi implementado nas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, se promovam, também para o interior, verdadeiras políticas de transportes coletivos eficazes que, não só fomentem a mobilidade como também permitam minimizar os encargos dos trabalhadores nas deslocações de casa para o trabalho e vice-versa. Quando tanto se fala na valorização do interior é inadmissível que em muitas dessas regiões, pura e simplesmente, não exista qualquer modo de transporte coletivo.»

A UGT exorta também os Parceiros patronais «à total disponibilidade negocial bilateral na procura de um mecanismo extraordinário de negociação e contratação colectiva de modo a repor a justiça social necessária ao bom desempenho da economia e de incremento do mercado interno ainda durante o corrente ano para repor as injustiças produzidas pela inflação.»Pelos vistos bem pode esperar pois até agora os patrões não mostraram qualquer preocupação!»

A UGT «exorta o Governo a promover com urgência alterações nos mecanismos fiscais de formação de preços dos bens alimentares e nos combustíveis domésticos e a encontrar, em diálogo social alargado, mecanismos de resposta à reposição do poder de compra para todos os ativos e para os reformados e pensionistas já no corrente ano. »

Na sua Resolução a UGT não tem uma palavra sobre os lucros escandalosos das empresas dos combustíveis e da banca ,entre outros.Mostra de facto que sem aumentos salariais não haverá acordo. Será?Todavia , esses aumentos no sector privado dependem muito mais da negociação colectiva e da força sindical do que de um acordo de rendimentos de carácter político.

Ao ser tão cordata e tão institucional a UGT não avança qualquer sinal de maior rebeldia para enfrentar um governo que mostra maior insensibilidade social do que os governos da «geringonça»com os quais esta Central não mostrava real simpatia.Para já não se vislumbram mudanças  na UGT.

 

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