Transição energética justa, sim…destruição não!

Rogério Silva  é  o coordenador da Fiequimetal-Federação Intersindical das Industrias

Metalúrgicas,Químicas,Electricas,Farmaceutica,Celulose,Papel,Gráfica,Imprensa,Energia e Minas.No âmbito da recolha de contributos para o Grupo de Trabalho EZA /BASE-FUT sobre a transição energética justa e coordenado  por Susana Santos,ouvimos aquele conhecido sindicalista. Este já em 2020 tinha participado num seminário internacional sobre esta temática promovido pela BASE-FUT/CFTL e que teve o apoio do EZA e da Comissão Europeia.

Rogério Silva é frontal e directo: «  a chamada transição justa em Portugal não está a ser justa,nem gradual,nem equilibrada.Portugal é talvez o pior exemplo da UE;faz o que não deveria fazer, ou seja, encerrou infraestruturas importantes sem planificação, sem diálogo social e sem ter em conta os interesses dos trabalhadores e das comunidades locais».

E acrescenta Rogério Silva:«A Federação não está contra uma transição justa.Está contra esta «destruição» que obedece a uma agenda política».

E Rogério Silva aborda os exemplos das centrais do Pego e de Sines e a refinaria de Matosinhos para mostrar como as coisas não estão a ser bem feitas.

«O processo de encerrameto da central do Pego foi a única onde, por razões políticas, se avançou com dinheiro para os trabalhadores e estes não perderam rendimentos e tiveram alguma formação.Teve impacto na comunidade mas esse aspecto não foi considerado.»

O sindicalista considera que no encerramento da central de Sines os sindicatos foram formalmente ouvidos mas não houve diálogo, o processo não foi debatido.

Em Matosinhos não foi aplicado o fundo de Transição e os trabalhadores estão acabando o subsídio de desemprego.Existe uma proposta de um curso de maquinistas para alguns trabalhadores.«Não há uma agenda social e não sabemos o que para ali se desenha.»-diz Rogério Silva.

Rogério Silva é um crítico das narrativas ecologistas que se baseiam no medo.«Existe uma narrativa apocalitica que estimula o medo, dizendo que o mundo vai acabar se não cortarmos já com os combustíveis fósseis!Não há planeta B, dizem.Ora, temos que construir uma transição gradual e justa e não é isso que acontece no nosso País. Temos que ter a máxima autonomia energética para o desenvolvimento da nossa economia, de melhores transportes e uma industria mais forte».

Texto:Brandão Guedes

Fotos:CGTP

 

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