Problemas de costas e outras lesões ainda afetam os portugueses

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Apesar da mecanização e automação ainda são muitos os trabalhadores portugueses a queixarem-se de dores nas costas,nos ombros e nos pulsos.Na maioria dos casos os problemas têm origem profissional.É o trabalho sem condições, o uso e abuso dos trabalhadores.Agora estamos num tempo de trabalhos agrícolas mais intensos com as vindimas e a recolha de frutos por todo o País.Muito em breve teremos a recolha da azeitona.Dores nas costas é um dos maiores problemas de quem trabalha em profissões como a agricultura, armazenamento e logistica, restauração e limpeza, entre outras.Mas os que trabalham sentados em profissões mais modernas, como os call centers, com mobiliário e equipamentos não adequados também se queixam do mesmo problema.

Um dos principais riscos, nomeadamente para a coluna, é a movimentação de cargas.Podemos resolver o problema?O ideal é prevenir e trabalhar com a ajuda de meios auxiliares e com formação profissional adequada à movimentação de cargas.Todavia,a mentalidade preventiva não existe na maioria das empresas.Os trabalhadores precários, em particular os imigrantes, e as mulheres são os que estão mais expostos a estes riscos

A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho promove este ano uma  Campanha Europeia ,com o slogan «Alivie a carga», sobre a prevenção das lesões músculo-esqueléticas que afectam milhões de trabalhadores europeus e onde a movimentação manual de cargas é abordada com particular atenção.Entre os diversos materiais aquela Agência publicou uma ficha técnica de apoio à prevenção deste risco profissional.

Por sua vez a Autoridade para as Condições de Trabalho também publicou um manual técnico sobre esta matéria para ajudar trabalhadores e seus representantes na prevenção destes problemas.

Dimensão do problema

Nos EUA, a incidência de lesões músculo-esqueléticas devidas a traumas repetitivos, tais como são conhecidas pelo Bureau of Labour Statistics (BLS) tem aumentado. Só na indústria privada, entre 1984 e 1997, aumentou de 3.2 para 5.1 casos por 10 000 operadores a tempo inteiro (Forcier & Kuorinka, 2001). De acordo com o relatório do grupo de
trabalho do National Arthritis and Musculoskeletal Disorders and SkinDiseases (1997) 37.9 milhões de pessoas, que brepresentam 15% da população total dos Estados Unidos da América, sofreram pelo menos uma
ou mais lesões músculo-esqueléticas crónicas em 1990. Estes dados, em consonância com as alterações demográficas expectáveis, permitem estimar para o ano de 2020 uma taxa de 18.4%, ou seja, 59.4 milhões de pessoas
com este tipo de lesões (NRC & IOM, 2001).

Na Comunidade Europeia, os resultados de um inquérito sobre condições de trabalho aplicado em 2000, revelam que 60% dos operadores consideram que o trabalho afecta negativamente a sua saúde (em 1995, os resultados eram 57%). Desses, 33% associam este impacto negativo a sintomas de lombalgias, 23% a dores na coluna cervical e ombros e 17% a
dores nos membros superiores e inferiores (WHO, 2002).Os mais recentes inquéritos revelam um aumento destas doenças.
Nos Países Nórdicos, o total de custos relacionados com as lesões músculo-esqueléticas representam 0.5% a 2% do produto interno bruto (Buckle & Devereux, 1999). A percentagem correspondente às lesões relacionadas com o trabalho pode assumir 30 a 40% dos custos, sendo para algumas profissões superior a 50% (Westgaard & Winkel, 1996).»(LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS RELACIONADAS COM O TRABALHO:Magnitude do Problema a Nível Nacional Luís Cunha Miranda Instituto Português de Reumatologia Filomena Carnide Faculdade de Motricidade Humana Maria de Fátima Lopes Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho).

Em Portugal

Em Portugal, escasseiam dados sobre a prevalência de lesões músculo-esqueléticas relacionadas com o trabalho, já que as organizações responsáveis, nomeadamente, a Segurança Social e as Instituições Seguradoras, não os têm tratado de forma sistemática. Porém, isto não nos permite concluir que, no nosso país, o problema não possa assumir as
mesmas tendências evolutivas referidas nos países supracitados.

Segundo dados da ACT e da Segurança Social de 2015 a 2018  registaram-se mais de dez mil doenças profissionais com e sem incapacidade do tipo de lesão músculo-esquelética..Em Portugal, porém, a subnotificação das doenças profissionais não nos permite ter números fiáveis da real situação.Nem os médicos, e muito menos as empresas, estão sensíveis a esta situação.O maior peso desta injusta situação cai sobre os trabalhadores e seus familiares, bem como sobre os sistemas públicos de segurança social e de saúde.

 

Manual da ACT

Factsheet da OSHA

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