MANUEL LOPES-o sindicalista que deixou saudades para sempre

A CGTP comemora este ano o seu 50º aniversário.Neste quadro vamos aqui apresentar alguns dos grandes sindicalistas que construiram esta nossa Central sindical.Alguns já nos deixaram e outros ainda estão na nossa companhia.Todos eles merecem ser lembrados como pessoas que contribuiram muito para a liberdade e para a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores.O primeiro aqui a ser lembrado é Manuel Lopes que morreu aos 55 anos mas que, pelo que fez e viveu, será sempre lembrado pelo Movimento Sindical Português.A vida dele é uma história bonita para ser lida e contada aos mais novos.

Manuel Correia Lopes nasceu em Coimbra no dia 18 de Novembro de 1943 e faleceu em Lisboa, a 15 de Maio de 1999. Aos 3 anos perdeu o pai e aos 12 partiu com a mãe para Lisboa, onde começou, de imediato, a trabalhar como aprendiz na indústria textil. Passou pelos serviços administrativos, pela produção e foi responsável pelo serviço de compras, inscreveu-se no curso comercial em regime pós- laboral.
Com 15 anos, ingressou na Juventude Operária Católica (JOC), de que veio a ser dirigente entre 1960 e 1966. Antes do 25 de Abril teve uma intensa actividade política e cívica. Pertenceu ao MDP/CDE, de que foi dirigente (1969) e, em 1973, foi um dos fundadores do Movimento da Esquerda Socialista (MES).

Iniciou a sua actividade sindical com 21 anos (1964), no então Sindicato dos Lanifícios de Lisboa, actividade que interrompeu para fazer o serviço militar. Mobilizado para a guerra colonial na Guiné, só regressou aos 26 anos de idade. Com essa idade foi eleito presidente do Sindicato dos Lanifícios de Lisboa. A partir daí, dedicou toda a sua vida ao sindicalismo, à luta pela defesa dos direitos dos trabalhadores e à sua unidade.
Trabalhou intensamente, em conjunto com outros sindicalistas, na criação da Intersindical Nacional, hoje CGTP-IN, da qual foi fundador, em 1970.
Foi um dos oradores no primeiro comício comemorativo do 1º de Maio em liberdade, em 1974. Foi também o primeiro sindicalista a falar na televisão portuguesa no direito à greve. Em Junho de 1974 foi escolhido como delegado dos trabalhadores à conferência da OIT. Presidiu à mesa do 1º Congresso da Intersindical, em Julho de 1975, e desde o 2º Congresso passou a integrar todos os seus secretariados.

Em 1975, extinto o Sindicato dos Lanifícios de Lisboa para dar lugar ao Sindicato dos Texteis, Lanifícios e Vestuário do Sul, Manuel Lopes foi eleito presidente da Direcção, cargo que manteve até 1982, altura em que passou a exercer as funções de Presidente da Mesa da Assembleia Geral, até à data da sua morte. O conhecimento deste sector fez com que se empenhasse activamente na fusão da federação de lanifícios e vestuários com a dos texteis numa única federação. Permaneceu membro da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN desde 1977.

Foi deputado à Assembleia da República entre 1980 e 1985, como independente nas listas do PCP; fez parte da Comissão de Apoio à Eleição de Mário Soares para Presidente da República (2º mandato); integrou a Comissão de Honra da Candidatura de Jorge Sampaio a Presidente da República; foi deputado, durante três mandatos consecutivos, na Assembleia Municipal de Lisboa, em representação da CDU.
Era membro da direcção do Conselho Português para a Paz e a Cooperação e foi, durante anos, presidente da Mesa da Assembleia Geral da Voz do Operário.

No elogio fúnebre proferido no seu enterro perante centenas de pessoas, Carvalho da Silva, então Secretário-Geral da CGTP-IN, sublinhou a dimensão humana daquele que foi «inquestionavelmente, um dos sindicalistas maiores deste país».

Em 1999 foi homenageado pela Câmara Municipal de Lisboa, que mais tarde atribuiu o seu nome a uma rua na Alta de Lisboa (Charneca do Lumiar).
Em 2001 foi instituído e promovido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, o Prémio Manuel Lopes, com o propósito de homenagear o sindicalista e fundador da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, cuja vida foi em grande parte dedicada à implementação da contratação colectiva e à sua afirmação como instrumento de progresso das condições de vida dos trabalhadores e de dignificação do trabalho. [Este prémio distingue as personalidades ou organizações que, em cada ano, mais se tenham distinguido nos domínios da inovação e melhoria da contratação colectiva e das condições de trabalho ou na realização de estudos e trabalhos de investigação sobre estas matérias].
Em 2009, no 10º aniversário do seu falecimento, a Sociedade de Instrução e Beneficência “A Voz do Operário”, com o apoio da CGTP-IN , evocou “o cidadão empenhado e participativo, o dirigente sindical da CGTP-IN e do seu Sindicato, e o dirigente associativo”.

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O seu nome faz parte da toponímia de: Cascais (Freguesia de São Domingos de Rana); Évora; Lisboa ( ex-Rua X do Alto do Lumiar); Póvoa de Varzim (Freguesia de Rates); Seixal; Vila Franca de Xira (Freguesia de Vialonga); Vila Viçosa.

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Biografia da autoria de Helena Pato

Fontes:
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– http://expresso.sapo.pt/trabalho-voz-do-operario-homenageia…
– http://www.cgtp.pt/…/21-inf-pro…/2671-manuel-lopes-1943-1999
– Biografia de Manuel Lopes, editada em 2001 pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Comissão Municipal de Toponímia.
– http://www.avante.pt/arquivo/1329/2903f3.html

 

Jornal o Tornadohttps://www.jornaltornado.pt/manuel-lopes/

 

 

Entrevista de manuel Lopes sobre fundação da Intersindical -Centro de Documentção 25 de Abril

 

http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=Tc1356

 

 

Junta-te à BASE-FUT!