A chuva «molha tolos» permanente não impediu uma das maiores manifestações da Função Pública que decorreu hoje, 31 de janeiro em Lisboa.Centenas de autocarros oriundos do norte, centro e sul do País entraram na capital com trânsito caótico, despejando milhares de trabalhadores dos serviços públicos em greve.Muitos professores,enfermeiros,trabalhadores das autarquias, da saúde e das escolas.
Um aumento de 90 euros por mês para todos é a principal reivindicação para além de outras que há anos se arrastam sem que sejam mínimamente satisfeitas.É o caso da recuperação de todo o tempo de trabalho dos professores, reivindicação que já vem da anterior legislatura e que tem envenenado as relações dos sindicatos dos professores com os governos de António Costa. É o caso da integração dos trabalhadores precários e do normal funcionamento das carreiras, mas também a generalização dos serviços de segurança e saúde no trabalho e a revisão de um burocrático sistema de avaliação de desempenho.
Agora o aumento de 0,3% previsto para quem não tem aumentos há uma década é sentido pelos funcionários públicos como uma provocação.Entre os professores notava-se um certo cansaço em particular dos que estão no final da carreira e ainda exibem as cicatrizes das lutas recentes e o desgate de uma profissão cada vez mais difícil.
Mas o que mais dói , reconhecem vários trabalhadores, é o não reconhecimento por parte do governo dos sacrifícios de milhares de trabalhadores nos hospitais, escolas e repartições públicas que aguentaram estoicamente a crise e as medidas de austeridade da Troika/Passos/Portas.Mas apesar da recuperação de alguns rendimentos e do aumento do salário mínimo ainda existem trabalhadores a ganhar 3,5 euros/hora nas escolas!
Todavia, o governo não se pode esquecer que algumas profissões estão a perder a paciência com destaque para as forças de segurança e para os enfermeiros.Sem pessoal motivado, competente e bem pago não teremos serviços públicos de qualidade!
Sempre debaixo de uma chuva miudinha Arménio Carlos e Ana Avoila fizeram, talvez, as suas últimas intervenções como dirigentes principais das suas organizações sindicais.