Esta economia estraga a nossa saúde.Prevenir as lesões músculo-esqueléticas!

com Sem comentários

Uma larga percentagem da população portuguesa activa ou reformada sofre de alguma lesão músculo-esquelética.Dores lombares ou cervicais, tendinites borsites, hernias,etc.A população mais velha trabalhou em condições muito deficentes e  algumas pessoas começaram a trabalhar ainda crianças, transportando cargas absolutamente inadequadas para a idade.Muitos destes idosos reformaram-se por invalidez e auferem pensões muito pequenas.

Apesar dos avanços tecnológcios e de uma informação mais abundante a actual população activa europeia continua a ser muito afectada pelas lesões músculo-esqueléticas.A intensificação e sobreexploração dos trabalhadores leva ao adoecimento crónico.Esta realidade comporta grande sofrimento para os trabalhadores, limitações para as suas famílias e pesadas perdas para a segurança social e  saúde públicas.

Trabalhadores europeus sofrem

Neste contexto se compreende a Campanha Europeia da Agência para a Segurança e Saúde no Trabalho a decorrer actualmente nos países europeus.Sindicatos e outras organizações de trabalhadores de várias orientações com destaque para a CES e o EZA participam também nesta Campanha de informação e formação procurando intensificar e alargar as ações de prevenção nos locais de trabalho.A situação é de tal modo grave que há muito se reivindica uma legislação comunitária que possa enquadrar a prevenção dos riscos que provocam estas lesões de origem profissional.Os empresários europeus não querem medidas obrigatórias de prevenção e falam em medidas voluntárias e boas práticas.

A  origem destas lesões profissionais não está apenas nos factores de risco tradicionais como o incorrecto  trasporte e elevação de cargas ou nos postos de trabalho mal desenhados e construidos, impróprios para neles se trabalhar continuamente.Sabemos que muitas das lesões se devem á microelectrónica e aos novos equipamentos informáticos  da era moderna ligados às tecnologias de comunicação.

Trabalhar sentado ou de pé horas seguidas , com intensificação e sobrecarga dos membros superiores ,sem medidas preventivas e postos de trabalho não adequados pode comportar riscos e lesões para todas a vida. Por outro lado, recentes estudos fazem uma relação entre factores de risco psicossocial e lesões músculo-esqueléticas.Ou seja, local de trabalho doente onde se cultiva o stresse laboral , o assédio  e a violência mais propensão encontramos para as referidas lesões.

Dificuldade em relacionar a profissão com a doença

A falta de prevenção sistemática nas empresas e serviços públicos e de formação e informação sobre os factores de risco levam a que os trabalhadores não relacionem a profissão com as suas mazelas incapacitantes e dolorosas e continuem a trabalhar com os mesmos equipamentos e nos mesmos locais de trabalho que os tornaram progressivamente doentes.Mais grave ainda é que ,por vezes ,existe mesmo uma cultura empresarial de culpabilização dos trabalhadores com discursos de gestores e colegas que marginalizam e penalizam os trabalhadores que se quieixam.Em vez de avaliarem os riscos e valorizarem as queixas discriminam e penalizam os trabalhadores considerando-os «queixinhas», pouco zelosos e manhosos.

Frequentemente os trabalhadores vão ao médico de família e este também não relaciona ou não quer relacionar a doença com as condições de trabalho.Quando muito recomenda uma baixa por alguns dias, um mero paliativo.Uma baixa pode ajudar a amenizar a situação mas não resolve a situação que provoca a incapacidade do trabalhador.Para além de reduzir o rendimento do trabalhador pode até contribuir para a baixa auto estima do trabalhador e para o culpabilizar ainda mais.

Medidas de prevenção

Por lei os empregadores são obrigados a avaliar os riscos do trabalho e  implementar as medidas de prevenção e ainda a organizarem ou contratarem serviços de segurança e saúde no trabalho.A maiora das lesões são enquadráveis como doenças profissionais e como tal deveriam ser tratadas.Entre as medidas preventivas podemos considerar algumas:

1.Avaliar o riscos com a participação dos trabalhadores, médico do trabalho , ergonomista ou técnico de Segurança e saúde no trabalho.

2.Elaborar plano de prevenção e de promoção da segurança e saúde dos trabalhadores.Encontrar soluções para prevenir os factores de risco nos locais de trabalho ao nível dos postos e organização do trabalho, equipamentos de trabalho, de proteção individual e colectiva.ações de informação e formação dos trablhadores.

3-Avaliação.Rever periodicamente a eficácia das medidas e reformular o que está menos bem ou introduzir novas medidas.

4.Toda esta ação deve ser protagonizada pelo serviço de segurança e saúde e representantes dos trabalhadores, serviço que, por sua vez, deve reportar directamente á administração/gestão.

A nossa legislação bem como a Directiva Quadro  391/CEE estipula que o trabalho se deve adaptar ao homem.É um principio muito bonito que na prática raramente acontece.A organização do trabalho na economia capitalista obedece aos critérios de rentabilidade e de máximo lucro.

É absolutamente urgente uma legislação que desça á realidade concreta e obrigue as empresas a novas medidas de carácter ergonómico e de organização do trabalho  que ataque os factores de risco na sua origem.

«Três dos quatro fatores de risco identificados com mais frequência no estudo ESENER de 2019 da EU-OSHA (Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho) são riscos de LME: «movimentos repetitivos da mão ou do braço», «posição sentada prolongada» e «elevação ou transporte de pessoas ou cargas pesadas».-Diz aquela Agência Europeia.«As LME (lesões músculo esqueleticas)são um problema não apenas para os trabalhadores individuais, mas também para as empresas, as economias e a sociedade, sendo uma das causas mais comuns de deficiência, baixa por doença e reforma antecipada.

Os nossos relatórios, estudos de caso e outros recursos de campanha contêm mais informações sobre a natureza e a extensão deste problema e as medidas que estão a ser tomadas para o combater.»Ver mais

Fontes: DGS;Agencia Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho;ETUI;EZA

Junta-te à BASE-FUT!