BASE-FUT prepara comemorações do 50º Aniversário da sua fundação!

Por indicação da Direção da BASE-FUT o António Brandão Guedes ficou como coordenador da Comissão Organizadora das Comemorações dos 50 anos da BASE.FUT que decorrerão durante o ano  de 2024 e terão o seu ponto alto no início de novembro desse mesmo ano.Com esta entrevista ficamos a saber quais vão ser as principais actividades comemorativas do 50º Aniversário da BASE-FUT.

 

Redação: A BASE-FUT foi efectivamente fundada a 1 a 3 de novembro de 1974.Todavia, o Movimento BASE já existia antes da Revolução de Abril

Efectivamente a BASE-FUT teve as suas origens no Centro de Cultura Operária (CCO) e no grupo BASE, ambos constituidos por militantes da Ação Católica Operária na década de 60 do século passado.Eram militantes,em larga maioria autodidatas, que tinham experiência de ação  sindical e de animação sócio-cultural e que fizeram nessa década uma ruptura, não apenas com a ditadura, mas também com o capitalismo enquanto modelo de desenvolvimento económico e social.

Redação: A BASE-FUT alargou-se, no entanto, a outros quadros que tinham uma ação contra a ditadura?

Sim.integrou ou teve a colaboração de militantes cristãos que militavam noutros sectores sociais, na luta anticolonial e até em organizações políticas como a LUAR e a CDE.A BASE-FUT foi sempre uma Frente anticapitalista, mas plural, defendendo um sindicalismo de classe, autónomo e autogestionário.Ou seja, não defendia,nem defende, a subordinação dos sindicatos nem aos partidos nem aos interesses económicos ou religiosos ,o seu lema era e ainda é:«Só os trabalhadores libertarão os trabalhadores».

Redação: Como explicas a longevidade da BASE-FUT face a muitas outras organizações que nasceram com a Revolução de Abril?

São várias as razões.O facto de ser uma organização não partidária, flexível, sem ambições de conquista do poder imediato;o facto de ter uma pré-história, um espaço e um activismo  sócio-cultural,os Movimentos Operários da Ação Católica; o ter um núcleo de militantes resilientes e generosos….Daí o terem querido que a nossa Organização se constituisse  numa central sindical ou integrasse um partido político….coisa que os seus militantes nunca aceitaram…..Temos uma história de autonomia organizativa e de pensamento, de integridade e de ética política .

Redação: Que actividades estão previstas ao longo de 2024 para comemorar os 50 anos da BASE-FUT?

Como é natural as comemorações da BASE-FUT inserem-se também no quadro das Comemorações da Revolução do 25 de ABRIL.Fomos inclusive contactados pela Comissão das comemorações oficiais para fornecermos documentos que integram a Exposição «UNIDOS VENCEREMOS» e que foi inaugurada no Primeiro de Maio pelo Presidente da República e está aberta até finais de junho no Beato em Lisboa.

Redação: Mas actividades próprias da BASE-FUT estão a ser preparadas?

Sim.Temos já um programa e um calendário.Até julho deste ano teremos uma Comissão Organizadora que irá desenvolver o programa que consta fundamentalmente de uma Conferência Nacional sobre o futuro  do Estado Social  e a promoção dos direitos sociais a realizar no mês de novembro de 2024.

Todavia, esta conferência será realizada à nossa moda, ou seja, com Encontros Regionais/Locais onde existam militantes, amigos da BASE-FUT e outros cidadãos que queiram participar durante todo o ano de 2024.Não iremos dar lições nem falar do que a Direção da BASE-FUT pensa destes cinquenta anos de democracia.Vamos sim  OUVIR as pessoas,os militantes e amigos para saber o que pensam destas décadas, as conquistas alcançadas  e as dificuldades e incapacidades no trabalho sindical e social,na segurança social, na educação, ambiente,no poder local,na participação política.Queremos saber como se podem resolver os problemas das populações, como se podem organizar as pessoas sem estarem à espera que venha tudo de cima.Há muitas iniciativas interessantes das populações que nunca são faladas, nomeadamente no campo cultural, social , ecológico e de lutas nas empresas.Resumindo queremos fazer um balanço desta democracia e do exercício da cidadania a nível local, associativo, politico e económico.

Os resultados destes debates constituirão a matéria  de um Manifesto final a apresentar na Conferência Nacional para ser debatido, aprovado e divulgado  para dar um novo fôlego à nossa ação e luta.

Esta actividade vai ser animada com partilha de informação nas redes sociais,na nossa página web (www.basefut.pt)  e numa Newsletter .Teremos também uma publicação comemorativa de carácter histórico sobre a BASE-FUT.

Redação: Os debates ficarão limitados à realidade nacional?

Não.Precedendo a Conferência será organizado um seminário internacional  onde aprofundaremos o tema da promoção dos direitos sociais e o futuro do Estado Social num quadro mais vasto que é o europeu.À volta desta temática, mas com incidência na promoção da segurança e saúde dos trabalhadores como direito fundamental teremos ainda um Grupo de Trabalho internacional a trabalhar esta matéria que, apesar do covid 19 e da emergência dos riscos psicossociais, está a ser negligenciada pelos países europeus e pela Comissão Europeia.

No programa está ainda prevista a organização de uma Exposição sobre o papel da BASE e do CCO na luta pelo sindicalismo livre,autónomo e democrático.

Redação: Para além de comemorar os seus 50 anos, uma longa vida,que objectivos tem a BASE-FUT para estes eventos?

Temos objectivos políticos e organizativos.Queremos superar as dificuldades de mobilização que sentimos por todo o lado,nomeadamente na BASE-FUT,uma certa descrença que existe na possibilidade de mudar as coisas,enfim, valorizar a ação militante e  colectiva por causas justas e nobres.Para a nossa Organização as causas mais justas e nobres neste momento são a luta pelo trabalho digno e pela defesa e sustentabilidade da nossa mãe Terra.Estamos muito no espírito da carta Frattelli  Tutti do Papa Francisco.Queremos mais gente na BASE-FUT, nomeadamente gente nova, a trabalhar por estes objectivos.

Vemos com apreensão  a fraca adesão dos jovens aos sindicatos e às organizações sociais,culturais e políticas.Há razões objectivas para que isso esteja a acontecer, nomeadamente a precariedade, a mobilidade e a hostilidade dos empresários mas também existem razões subjectivas ,relacionadas com algumas incapacidades dos sindicatos, nomeadamente em falarem uma linguagem mais aberta, menos partidária,menos corporativa.Queremos aprofundar esta e outras situações que estão a bloquear a participação cívica e política dos jovens.

Para contactos sobre este tema:

Contactos nacionais e regionais da BASE-FUT ou

brandaoguedes1@gmail.com

 

 

Junta-te à BASE-FUT!