BASE-FUT debate democracia e inteligência artificial

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A Região Norte da BASE-FUT , reuniu  militantes e simpatizantes na sua sede em Matosinhos, no sábado pssado, dia 23 de Setembro, numa tertúlia, que incluía dois temas fundamentais para relançar o trabalho naquela Região , perspectivando já o 50º Aniversário desta Organização e da Revolução do 25 de Abril no próximo ano.

–   A Democracia Portuguesa, com particular enfoque nos movimentos sociais e a sua importância no desenvolvimento da própria democracia introduzido pelo Helder Nogueira, sociólogo e coordenador de projectos sociais ;

–   A Inteligência Artificial (I.A.) ; sua importância e a ameaça que pode vir a constituir para os empregos,introduzido  por António Mira de Sousa,formador  e consultor para o emprego.

O primeiro tema foi introduzido por  uma muito breve contextualização dos movimentos sociais, remontando às aspirações da Revolução Francesa, mas sobretudo com o início da industrialização. Destacou-se a relação dos movimentos sociais com a luta de classes e a sua elevada importância no desenvolvimento das democracias e a criação dos sindicatos. Os movimentos sociais aparecem sempre que grupos até aí foram  excluídos da sociedade reivindicam o direito a serem reconhecidos na sua dignidade e a exigirem igualdade de direitos  (caso do direito de voto para todos, das sufragistas, dos movimentos feministas, mais recentemente do movimento LGTBQ+ , etc)

É graças a estes movimentos que as grandes questões sociais são trazidas para o debate público, constituindo-se como protagonistas da luta pela coesão social.

Movimentos sociais e o associativismo têm papel fundamental nas transformações

Ainda na introdução se lançou o debate sobre a realidade portuguesa, que, por razões históricas, andou sempre atrasado em relação aos movimentos europeu.Referiram-se as diferenças  entre movimentos sociais, no sentido de movimento colectivo portador de mudança social no antes e pós 25 de Abril.

Salientou-se o papel fundamental do associativismo local no antes 25 de Abril,  locais de organização, de discussão e de iniciativas populares, por onde passaram muitos dos contactos clandestinos durante o fascismo. Os movimentos da ação católica e as organizações políticas clandestinas que através dos seus membros, nas associações e nos sindicatos exerceram uma ação cívica que viria a criar o clima propício ao êxito do 25 de Abril desencadeado pelo movimento dos Capitães, apesar de uma sociedade maioritariamente passiva perante a natureza do regime.

 

Hoje, na democracia portuguesa em que os direitos fundamentais ligados à pessoa são inquestionáveis, existem movimentos sociais mais ligados aos direitos económicos, sociais, culturais, ao ambiente.Estes movimentos são vistos,  por vezes, com alguma desconfiança porque se mobilizam pelas redes sociais, potenciando infiltrações geradoras de violência  (exemplos da França).

Este tipo de organização vai na linha de um individualismo fomentado pela sociedade capitalista da globalização, do trabalho digital cada vez mais individualizado nas plataformas digitais e no teletrabalho. Também a forma de intervenção social passa pelo digital. O caso da habitação foi particularmente citado dada a convocatória que circula para uma manifestação do próximo dia de 30 de Setembro. Como podem estes movimentos sociais agir, organizadamente, através das instituições democráticas, de modo a transformar a mera contestação em propostas concretas às instituições competentes?

 Reconhecer e dialogar com novas formas de expressão e organização

Apesar das interrogações, constatou-se a necessidade de reconhecer, identificar, dialogar com essas novas formas de expressão, procurando o contacto pessoa a pessoa (para além do virtual…) e construir formas de organização construtivas.

No caso particular da habitação, um dos participantes, falou do problema da habitação das pessoas idosas, tão pouco falado quando se aborda o pacote da habitação, como que havendo uma distância entre os que pensam as leis e a realidade do terreno sobre o qual se pronunciam. Outros participantes citaram as experiências cooperativas pós 25 de Abril  cujas casas, uma vez pagas, vieram a cair no mercado imobiliário na mesma perspectiva capitalista, longe do espírito com que foram adquiridas.

Ficou o desafio para que os presentes lessem o pacote do governo sobre a habitação e se possam vir a pronunciar/reflectir  sobre o mesmo num próximo encontro que a BASE-FUT virá a organizar com pessoas a convidar particularmente envolvidas e conhecedoras da realidade da habitação em Portugal.

Como conclusão (aberta), ficou a tomada de consciência de que cada um de nós deve intervir nas associações de que nos sentimos mais próximas, sejam associações de moradores ainda existentes, culturais, cooperativas, de defesa do ambiente, intervir nas Assembleias de Freguesia e Municipais, locais priveligiados para expor e resolver os problemas das populações localmente.

Aproveitar e regular a Inteligência artificial

Quanto ao segundo tema  do Encontro (A Inteligência Artificial) a reflexão incidiu numa tentativa de clarificação sobre:

– o que é a Inteligência artificial;

– A sua importância nas nossas vidas:

– as novas perspectivas que se abrem para o desenvolvimento económico e social

– oportunidades e desafios

– vantagens da I.A. para os direitos fundamentais e para a democracia

– impacto da IA nos empregos

– Necessidade e importância de regular a IA

Em termos gerais a reflexão incidiu sobre a importância do aproveitamento da IA nas nossas vidas, nos ganhos da produtividade laboral e no aumento da riqueza; nas novas perspectivas que se abrem na saúde, transportes, alimentação e agricultura, administração públicas e serviços.

Mas também, consciencializar os riscos potenciados da mesma, nomeadamente as ameaças aos direitos fundamentais e à democracia, , a partir das formas como é concebida e os dados que utiliza e o impacto nos empregos. Analisar os problemas éticos relativamente ao modo como a IA poderá vir a ser utilizada em sectores como a gestão da saúde e noutros domínios para os quais  só os especialistas estão em condições de nos alertar. Interrogarmo-nos sobre quem vai beneficiar do aumento dessa produtividade e rentabilidade pelo uso da IA, num mundo em que haverá necessidade de menos tempo de trabalho, e, no entanto produção de muito mais riqueza? Como repensar a solidariedade social nesse tipo de modo de produção?

Dada a importância deste tema, reconheceu-se o interesse de voltar a reflectir este assunto com a ajuda de especialistas

Resumo elaborado por Maria Manuela Guimarães e António Mira de Sousa Dirigentes da BASE-FUT

 

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Junta-te à BASE-FUT!