«A CGTP-IN entende que o que está verdadeiramente em causa neste Acordo é a concessão de um amplo leque de benesses às empresas que funcionarão como contrapartidas para uma moderada evolução dos salários; por outro lado, relativamente aos rendimentos, o que temos é apenas a pretensão de fixar um referencial para a atualização dos salários, que tenderá a ser como uma espécie de teto salarial.» conclui aquela Central Sindical no seu parecer sobre o documento de trabalho do governo relativamente a um acordo sobre salários, rendimentos e competitividade.
Para a CGTP, que encerrou ontem o seu XIVº Congresso,« mantém-se a contratação coletiva manietada, permite-se a continuada generalização da precariedade, recusa-se qualquer alteração na organização do tempo de trabalho e prossegue-se a via da fragilização dos direitos dos trabalhadores.».
De facto o primeiro documento do governo é muito frágil e reconhece que nos últimos anos os trabalhadores pouco ou nada têm participado da riqueza criada no País.Todavia, não apresenta propostas credíveis de aumento dos rendimentos de quem trabalha não fazendo efectivamente um combate ao modelo de baixos salários.
Assim «para a CGTP-IN um Acordo de Rendimentos é indissociável de uma estratégia política de curto, médio e longo prazo que assegure a segurança no emprego e combata a precariedade laboral; revogue as normas gravosas da legislação do trabalho e dinamize a contratação coletiva como um instrumento para a harmonização social no progresso; promova uma justa distribuição da riqueza com o aumento significativo dos salários e rompa com as desigualdades; garanta o respeito pelos horários de trabalho, as 35 horas semanais e a avaliação da atividade profissional com a vida pessoal e familiar. Estes, são, entre outros, elementos que contribuirão decisivamente para um Portugal de progresso e justiça social.».
Por outro lado a UGT também não foi entusiasta relativamente ao documento de trabalho do governo.A sua Presidente, Lucinda Dâmaso, afirmou à comunicação social que aquela Central não assinaria um documento de «generalidades nem um conjunto de intenções».Acresce ainda que a actual relação de Carlos Silva com o Primeiro Ministro é de notória tensão.
As negociações irão continuar na Comissão de Concertação Social mas as relações deste governo com as centrais sindicais,CGTP e UGT, embora por motivos diferentes,não estão em boa maré.Falta saber se o actual governo está efectivamente interessado num diálogo social profundo e de médio prazo com os sindicatos.Os indícios, nomeadamente na Função Pública,não são auspiciosos.