Envelhecimento ativo-O que é?

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Aristides Silva *

Muito se tem falado no envelhecimento ativo, sobretudo desde que, em 2002, a Organização Mundial de Saúde equacionou alguns conceitos sobre este assunto Mas, afinal, o que é isso de envelhecimento ativo?

Para uns, sobretudo para aqueles que pensam que o envelhecimento (e a longevidade) é um dos problemas cruciais do séc. XXI e não uma grande conquista civilizacional, é o prolongamento obrigatório da atividade profissional, para que se possa aceder à pensão de velhice sem grande penalização, por força da reforma antecipada (a Comissão Europeia sempre defendeu o adiamento da entrada na reforma!).

Para outros, enquanto cidadãos fora do circuito produtivo (reformados ou não), é a possibilidade de praticar atividades que possam manter corpo são e mente sã, tais como a ginástica de manutenção, a dança, as caminhadas, os jogos de mesa e outros, etc.

Para ainda muitos outros, já como reformados, é o prolongamento da vida ativa que já tinham enquanto trabalhadores no ativo, embora agora com mais tempo livre para o fazer! Nesta perspetiva, dificilmente terá um envelhecimento muito ativo quem ao longo de toda a sua vida pouco ou nada ativo foi!

Se virmos bem, há imensos reformados ativos nas mais diversas áreas, enquanto decorre o seu envelhecimento, desde logo as duas principais figuras do Estado em termos hierárquicos! Mas, depois, temos uma enorme quantidade de reformados em cargos autárquicos, como professores de universidades seniores, como voluntários nos hospitais, como dadores de sangue, como cuidadores formais ou informais, desde logo cuidadores dos seus netos, como dirigentes de IPSS`s e de todo o tipo de Associações (desde logo a APRe!, porque não?).

Aqui faço um pequeno parêntesis para dizer e lembrar que não é preciso ser dirigente para se participar na vida de uma Associação, nem sequer é preciso ser seu associado!

Depois, a título pessoal, conheço muitos amigos reformados que, ao longo do seu envelhecimento, encontraram tempo e espaço para desenvolverem aptidões que estavam escondidas ou que não tiveram oportunidade de desabrochar, como sejam a publicação de livros, o regresso à Universidade para doutoramentos e outras aprendizagens (a aprendizagem não deve acontecer ao longo de toda a vida?), etc.. Não é verdade que Platão, por exemplo, morreu ainda escrevendo aos oitenta anos?

Tenho para mim que o envelhecimento ativo é um pouco de tudo isto. E, se tudo isto é verdade e se a verdade é muito mais do que tudo isto, porque insistem as televisões, quando se trata de abordar assuntos relacionados com os reformados, em caraterizá-los como quase inúteis jogadores de cartas nos bancos dos jardins?

 

    *Associado da APRe!

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