Na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas iniciou as operações militares que derrubaram uma ditadura que condenava Portugal à repressão, ao obscurantismo e à miséria. O que poderia ter sido apenas um golpe de estado viria, pelo impulso popular, a transformar-se numa verdadeira revolução. O restabelecimento e alargamento das liberdades políticas e cívicas e o fim da guerra colonial foram acompanhados por uma erupção de reivindicações e de experiências de organização social, política e económica – entre os quais o socialismo autogestionário pelo qual organizações como a BASE-FUT pugnaram.
A liberdade de organização sindical, a consagração legal da igualdade entre homens e mulheres, a construção de um serviço nacional de saúde, o primado da escola pública, o desenvolvimento de um sistema de segurança social moderno são apenas alguns dos avanços civilizacionais que o 25 de Abril e o processo revolucionário que se lhe seguiu tornaram possível. Muito continua por fazer no aprofundamento da nossa democracia. E os retrocessos – incluindo o regresso do autoritarismo fascista – continuam a ser uma ameaça contra a qual temos de estar vigilantes. Mas temos também a obrigação de recordar a dimensão colossal das mudanças que o regime democrático conseguiu operar na sociedade portuguesa desde 1974.
Nos 50 anos do 25 de Abril, a BASE-FUT rende homenagem a todos e todas os que nos permitiram chegar aqui. Às gerações de resistentes anti-fascistas que mantiveram acesa a luz da esperança e da decência, apesar da violência e da brutalidade que a ditadura sobre eles e elas fez abater. Aos militares de Abril, que tiveram a coragem de seguir a sua consciência e arriscar as suas carreiras e as suas vidas. E às incontáveis mulheres e homens que, por todo o país, deram o seu melhor na para a construção de uma sociedade mais justa e fraterna, durante e após o período revolucionário.
Viva o 25 de Abril!
Lisboa, 22 de abril de 2024