Viva o Primeiro de Maio!

A história do 1º de Maio está intimamente ligada à História da luta dos trabalhadores de todo o mundo contra a feroz exploração do sistema capitalista nos inícios do século XIX.
Na ânsia cega de lucros máximos-constante aliás do sistema- os capitalistas descobriram que quanto mais prolongassem a jornada de trabalho dos operários maior lucro obtinham.E impunham aos trabalhadores 11,12,14,16/horas de trabalho por dia (em alguns sectores trabalhava-se de sol a sol) independente de serem homens , mulheres ou crianças que empregavam nas suas fábricas.

Assim o Primeiro de Maio nasce ligado à grande luta do proletariado pela redução do horário de trabalho.

E  tudo começou…na América do Norte

Os trabalhadores americanos, após duras lutas,conseguiram conquistar as 10 horas.Depois passaram a uma nova etapa-a da luta pelas oito horas de trabalho.Estávamos em 1866.No Congresso da Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos e do Canadá que agrupou em Beltimore 60 organizações operárias foi decidido:

«A primeira e maior necessidade presente, a fim de libertarmos o trabalho deste país da escravidão capitalista,é a promulgação duma lei segundo a qual o dia de trabalho deve compôr-se de oito horas em todos os Estados americanos e nós não abandonaremos, até ao triunfo,este alvo glorioso».

Na sequência desta determinação organizou-se em Boston, no ano de 1869, A Liga das Oito Horas, a Associação das Oito Horas em Chicago,os Cavaleiros do Trabalho em Filadelfia.As lutas, as reivindicações dos trabalhadores eram violentamente reprimidas mas os trabalhadores não desistiam do seu objectivo.Em 1880, numa Conferência da Federação dos Trabalhadores é decretada greve geral para o dia 1º de Maio de 1886 pela conquista das 8 horas de trabalho.O 1º de Maio aparece assim, pela primeira vez como dia de reivindicação e luta dos trabalhadores.

Chrgado o dia da Greve Geral o movimento por parte dos trabalhadores era enorme e os capitalistas seriamente amedrontados preparavam a repressão em força.

O conflito mais importante decorreu na Feitoria da Casa Cormich de onde foram despedidos 1200 trabalhadores por não quererem abandonar os seus respectivos sindicatos tendo sido substituídos por amarelos.

A União Central Operária de Chicago convoca um comício ao qual assistiram 25 mil pessoas.A paralisação do trabalho foi-se generalizando atingindo, em poucos dias, mais de 50 mil grevistas.Entretanto,davam-se sucessivos e mortais recontros com a polícia que não vacilou em atacar uma manifestação de 600 mulheres.

No dia 3 de maio os operários da Feitoria Cormich manifestaram-se junto à empresa.A polícia abre fogo sobre a multidão matando um grevista e ferindo muitas centenas de manifestantes.

Face a tal repressão , no dia seguinte, os operários e uma enorme multidão reúne-se na praça Haymaket.De repente aparece uma força policial.Rebenta uma bomba no meio deles.Nunca se soube quem a lançou mas ela foi o pretexto para a carnificina que se sguiu.A polícia abre fogo, à queima roupa, sobre a multidão juncando o chão de vítimas.Os principais orientadores do movimento grevista são presos:três condenados a trabalhos forçados e cinco à morte(SPIER,ENGEL,FISHER E LING) este último viria a suicidar-se).Mais tarde, e após o repúdio e condenação mundial estas prisões e penas de morte, o governador de Ilinois mandou põr em liberdade os trabalhadores condenados a trabalhos forçados e publicou uma memória na qual provou que os condenados à morte estavam inocentes do crime de que os acusaram.

Entretanto, a luta dos trabalhadores americanos continuou e, em 1909, existiam na América leis sobre as 8 horas de trabalho, em 31 Estados dos 45 da União.Os trabalhadores tinham vencido.

Na Europa

A chacina de Chicago que ficou designada na História pela dos «Martires de Chicago» desencadeou a solidariedade de todos os trabalhadores da Europa, igualmente em luta pelas 8 horas, luta essa decidida quando da realização da Conferência da Associação Internacional dos Trabalhadores em Paris:«Decidimos que o limite do dia de trabalho é a condição preambular sem o qual todos os esforços tendedntes à emancipação podem fracassar.Propómos as 8 horas como limite do dia de trabalho».

Em 1889 no Congresso Socialista em Paris foi decidido que o 1º de Maio seria o dia de manifestação internacional dos trabalhadores em memória do que se havia passado em Chicago.

Entretanto, o operariado francês lutava não só pelas oito horas de trabalho mas também pelas 8 horas de descanso e 8 horas de lazer.

Em Portugal o 1º de Maio começou a ser comemorado a partir de 1889.Em 1990 reuniram-se no Porto-Monte Aventino-mais de 12 mil operários.Durante a Ditadura a manifestação estava proibida.No entanto sempre existiram várias manifestações sempre reprimidas pela polícia.Foi com o 25 de Abril de 1974 que se comemorou o 1º de Maio em plena liberdade com grandiosas manifestações nas principais cidades do país.

Texto retirado da «Autonomia Sindical-revista de informação e documentação da BASE-FUT nº3/1981

Junta-te à BASE-FUT!