Vinte anos a intervir na Lousã e arredores

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A dificulade do associativismo é uma realidade, que se torna difícil de implantar e vingar em Portugal, em especial nos meios pequenos do interior.Nós conseguimos sobreviver, ultrapassar desalentos e conflitos,

disse a Fernanda Vaz numa conversa partilhada com os Amigos de Aprender.

 

A Activar-Lousã, uma associação – uma IPSS que se propôe valorizar redes de pessoas colaborativas, foi-se libertando das dores de crescimento. Nestes mais de 20 anos que conta de existência, o que procurou, antes de mais, foi criar o espírito de solidariedade entre as pessoas. É complicado soprar nas cinzas onde há brasas acesas, isto é, com energia dentro.

Quando se debate a perenidade das organizações, surge logo a questão maior da sua sustentabilidade, a dor de cabeça dos que estão à frente, além de outra – a do convencimento das pessoas. Neste caso, a aposta em conseguir sustentabilidade situa-se no turismo de natureza, há mais de 10 anos

A ActivarLousã foi criada como associação no ano de 2000 por um grupo de oito jovens em que alguns deles vinham de outras experiências associativas. Com esta iniciativa pretendiam ter uma participação mais ativa na sua comunidade.

A Fernanda continuou assim a sua reflexão.

-Nós temos uma direcção responsável com um trabalho sempre muito em colaboração entre quem trabalha e quem é voluntário, um conjunto de 45  pessoas a trabalhar numa área com uma carga emocional muito forte. Sentimos que estamos por 2 ou 3 anos, e as dificuldades do associativismo continuam, por não ser suficientemente valorizado pela sociedade e pelas entidades públicas.

– Temos um equipa de 13 pessoas a tempo inteiro, outras a meio tempo ou fazer horas nos projectos, com o contatempo de que já falei: – sempre a prazo, sem esquecer que algumas pessoas olham para isto apenas como um emprego. Ora, o principal é garantir trabalho, a médio e a longo prazo, o que depende de quem assume essa responsabilidade.

– O que é difícil de gerir são as diferenças de relação, de identiddade, gerir conflitos e o estar a prazo é um desafio de todos os dias.

– Trabalhamos muito com crianças e jovens, privilegiámos a área do turismo, onde temos uma gestão mais empresarial, de cariz comercial. Estivémos muito relutantes em aceitar este modo de trabalhar, e a procura da sustentabildade obrigou-nos a preocupar-nos com

o lucro, a vencer os obstáculos que são intensos …É um processo lento.

-Felizmente, temos sempre excedentes, excepto um ou dois anos, dentro do nosso plano: prestar serviços de forma razoável

Acerca do modelo de desenvolvimento, considera que é um modo muito válido para quem quiser fazer desenvolvimento, desde que se paute por valores, sem esquecer que a responsabilidade social afasta muita gente.

Um amigo colocou a questão da qualidade democrática que é sempre a grande alavanca e na prática se traduz por não explorar as pessoas nos salários, nos horários, um desafio a médio e a longo prazo…

Não temos medo dos novos desafios…é quase um mantra que se vive entre todos.

Estamos a viver uma transformação radical, em todas as áreas da vida O que acontece na nossa casa, o que se passa na nossa rua, as questões maiores do nosso país e do mundo fora, é algo que a maioria de nós não abarcou nem percebe bem… Não descortinamos que estamos já a viver os primeiros passos de uma grande revolução mundial.

O mundo novo não está apenas em esboço, estamos em cheio dentro dele, a procurar indagar como se constrói.

Também aqui vale o mantra citado: Não podemos ter medo dos novos desafios.

 

Testemunho recolhido por Avelino Pinto. Agosto, 2021

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