Um início de ano socialmente quente

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Brandão Guedes*

Com um Plenário de Sindicatos da CGTP a 10 de janeiro, uma greve dos enfermeiros de quatro dias , de 22 a 25 do mesmo mês,uma outra da Soflusa de 28 a 4 de fevereiro e uma greve geral da Função Pública a 15 deste mês entre outras paralizações no sector privado, o ano vai aguerrido socialmente,E temos ainda o sector da educação que parece estar num impasse negocial sem final á vista!sto sem falar ,na luta dos bombeiros, juízes, magistrados,etc,etc.Na maioria dos casos trata-se de uma luta por melhorias salariais, horários, reconhecimento e progressão nas carreiras  e estatutos, melhoria das condições de trabalho.Nada do outro mundo!Claro que envolve dinheiro,aumento da despesa do Estado!Mas o aumento do emprego útil no Estado e a melhoria da qualidade do trabalho no Estado não são objectivos dignos?Porventura poderemos melhorar a qualidade do trabalho e de serviço aos cidadãos e ainda aumentar o emprego público sem aumento da despesa?Não são incompatíveis estes objectivos com os actuais critérios orçamentais decididos por Bruxelas?

Os levianos dizem que este movimento grevista apenas tem um objectivo políitico que é atacar o PS para que este não tenha uma maioria absoluta nas próximas legislativas.Gente que apenas vê a superfície da realidade e pensa que os trabalhadores em greve são meras marionetas.Primeiro diziam que os trabalhadores não faziam greve porque estavam atados pelos partidos da «geringonça».Agora dizem o contrário.Fazem greve para atacar a «geringonça» que lhes elevou as expectativas!Admirável esta política portuguesa!

Não, os trabalhadotes portugueses continuam a ter profundas razões para lutar aguerridamente!A precariedade aumenta de forma assustadora.Os patrões querem polivalência total e trabalho sem horários e sem horas extra pagas, despedir a qualquer momento.A maioria deles borrifam-se para o Código do Trabalho e a ACT está inerte! Existe uma enorme falta de respeito e de dignidade no mundo laboral português!Uma larga percentagem de patrões não quer trabalhadores, quer criados à moda antiga!

Esta cultura laboral portuguesa tem consequências graves, nomeadamente a fuga para o estrangeiro dos mais jovens e competentes, a impossibilidade de constituir famílias estáveis, de criar filhos saudáveis, de aumentar os custos de saúde e segurança social com o absentismo por doença e com a elevada taxa de sinistralidade laboral.É uma cultura corrosiva, cria e aprofunda a cultura do utilizar e deitar fora no mundo laboral, do não empenhamento, da falta de responsabilidade, da falta de participação do profissionalismo!,.Assim não!

*Membro da BASE-FUT e Coordenador da Comissão para os Assuntos do Trabalho

Junta-te à BASE-FUT!