A União Geral de Trabalhadores (UGT) reivindica para 2023 um aumento dos salários de 7,5% para os trabalhadores dos sectores público e privado, de modo que cada trabalhador tenha, pelo menos, um aumento de 60 euros.As propostas do Governo português estão bem mais abaixo e não chegam aos 5%, não sendo aparentemente fácil a conciliação na concertação social que decorre neste momento.A UGT tem salientado que não haverá acordo se os salários não se coadunarem com a inflação!
Na Resolução sobre Política Reivindicativa aquela central explica:«O problema da inflação com que estamos todos a lidar é ainda mais grave para os trabalhadores se tivermos em consideração que a taxa de inflação verificada nos produtos alimentares é muito superior à taxa média de inflação.
Ora, não sendo a procura por estes produtos elástica, isto é, o consumo pouco, ou nada, reage à variação do preço, afeta mais quem, por ter menos rendimento, tem uma maior parcela da despesa com alimentação no seu orçamento familiar mensal. O aumento dos custos dos produtos energéticos e dos preços dos fertilizantes faz subir ainda mais os preços mundiais dos produtos alimentares.»
E continua o texto da UGT«E,alerta o BCE nas últimas projeções macroeconómicas para a área do euro, que o choque alimentar persiste ao longo de 2023, sendo a escassez apenas gradual e parcialmente compensada por outros abastecimentos, podendo dar origem, já no primeiro trimestre de 2023, a preços internacionais das matérias-primas alimentares, 24% superiores aos pressupostos nas projeções de referência (já alarmantes) e 33% mais elevados em 2024.
Naturalmente que também o aumento do preço dos combustíveis e da energia deterioram de forma direta o orçamento familiar dos trabalhadores que veem, mês após mês, o seu salário real ser reduzido.»
A UGT lembra ainda que é necessário repôr os valores do trabalho suplementar que foram alterados no tempo da Troica/Passos: 50% na primeira hora, 75% na segunda e restantes.No capítulo do salário mínimo a UGT defende os 765 euros.
O combate à pobreza de quem trabalha , a valorização da negociação colectiva e da concertação social são outros capítulos do documento reivindicativo da UGT.