João Lourenço*
É preciso atuar para mudar a situação. O modelo económico dominante não tem em conta os interesses dos trabalhadores.É um modelo que está
quase sempre numa lógica de obter mais-valias através da máxima exploração com padrões inaceitáveis para com a dignidade dos seus empregados.
A máxima exploração tem origem em princípios de mercados agiotas, muito competitivos entre si, gerando cada vez mais salários baixos para atingir baixos custos.
A utilização do emprego precário permite um desenvolvimento desregulado, que leva em frente uma certa opressão pelo modelo de trabalho inseguro e mal remunerado, criando uma situação débil de dependência, que precisa de uma reação coletiva.
Para os Sindicatos e outros Movimentos Sociais de trabalhadores está na altura de apostar na cooperação e na ação unindo todas as forças em todos os locais onde se realizem ações reivindicativas e de pressão junto das empresas e do Estado/Governo.
Todos anos são bem sentidas as desigualdades que têm vindo a crescer, porque ainda pesam as relações do modelo antigo sem correção á vista e que estão a exigir urgente mudança e justiça.
A vinda da Troika e a austeridade deixou as estruturas dos trabalhadores mais debilitadas no que respeita à democracia participativa e ativa. Muitas das medidas do Memorando da Troika alteraram e desvalorizaram o papel destas estruturas colectivas procurando introduzir um outro de aceitação e imposição de convergências que objectivamente defendem os interesses das entidades patronais.
As estruturas de negociação coletiva debatem-se com leis que adulteram os direitos dos trabalhadores, principalmente naquelas que regulam o direito à greve, usando-se a comunicação social para intoxicar a opinião pública, nomeadamente no abuso dos “serviços mínimos” regulados a favor dos próprios interesses empresariais.
Aos Sindicatos caberá exigir do governo negociações equilibradas e democráticas tomando em conta os poderes económicos . Este modelo de Concertação Social deve ser corrigido porque está beneficiando uma das partes na representação de quatro entidades patronais e somente duas Sindicais. Todos devemos reconhecer que a negociação coletiva tem por obrigação repartir justamente os rendimentos do trabalho de forma mais equitativa e gerar assim, em democracia, um novo desenvolvimento mais estável e progressista.
*Militante da BASE-FUT e ex-dirigente da CGTP