Divergência salarial na Europa

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O Instituto Sindical Europeu publicou a edição de 2018 do Benchmarking Working Europe, o seu barómetro anual sobre as condições de trabalho na Europa. A edição deste ano é dedicado à convergência salarial.

As principais conclusões do relatório, são as seguintes:

– Os países da Europa do Sul estão a divergir do resto da União Europeia em vários indicadores importantes, enquanto o processo de aproximação dos países da Europa Central e de Leste aos padrões sociais das regiões do Norte e Oeste abrandou.
– Ainda que os indicadores macroeconómicos apontem para um ligeiro aumento do produto, o crescimento do PIB per capita entre 2008 e 2016 manteve-se negativo para oito países e próximo do zero para outros sete.
– O investimento total nos países da União Europeia ainda está abaixo do nível de 2008 e com sinais claros de divergência: o nível de investimento nos países mais pobres e mais atingidos pela crise está abaixo dos anos anteriores à crise, enquanto é mais elevado nos países mais ricos.
– A evolução do salário real em 2017 foi menos dinâmica e mais diversificada do que em 2016. Os países do Centro e do Leste europeus continuaram o seu processo de aproximação, com um crescimento dos salários reais superior ao do resto da Europa – embora o ritmo deste processo tenha abrandado desde o início da crise. Além disso, inverteu-se a tendência registada em 2016 de crescimento dos salários acima da produtividade. Tal está a resultar na redução ou mesmo na reversão da convergência salarial de longo prazo entre os países nucleares da EU, por um lado, e os países da Europa Central, de Leste e do Sul, por outro.
– Em geral, a evolução de longo prazo dos salários reais no período pós-crise (2010-2017) ficou abaixo da do período pré-crise (2000-2009), deixando nove países da União Europeia com salários reais abaixo do que se verificava em 2010.

O relatório avança ainda com um conjunto de recomendações.

– Os ganhos do crescimento do PIB devem ser partilhados de forma mais equitativa entre os cidadãos europeus através de aumentos há muito devidos nos salários reais e de políticas para estimular o emprego de qualidade e o investimento em toda a Europa.
– Embora o Pilar Europeu dos Direitos Sociais seja um passo na direção correta, está longe de ser suficiente.
– Compromissos políticos com o investimento, o aumento dos salários e o emprego de qualidade tem de ser suportados por ações concretos e não apenas por palavras.
– Para assegurar um futuro estável para a Europa, a União Europeia tem de pôr em marcha uma forte política de investimento, comprometer-se com a justiça social, admitir que a desregulação do mercado de trabalho foi longe de mais e de que re-regulação é necessária e de combater a falta de voz dos trabalhadores e a consequente supressão da democracia nos locais de trabalho.

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