Ontem, dia 27 de abril, a jovem jornalista MARTA LOURO do Correio da Manhã perdeu a vida no Eixo Norte-Sul, em Lisboa, quando se deslocava de moto para uma reportagem.O seu colega que conduzia também ficou gravemente ferido.A entidade patronal,a administração da Cofina, um grande grupo dos media, lamentou a morte definindo a sua trabalhadora como «uma profissional exemplar e pronta a colaborar.»
Sendo um acidente de trabalho é importante que se faça um inquérito conduzido pela ACT e a empresa, mais do que lamentar, retire as consequências desta tragédia em termos de organização do trabalho, e apoie os familiares nesta hora tão trágica!
Hoje mais do que nunca a profissão de jornalista está a ser desenvolvida em condições de grande risco.Não apenas os que vão para o teatro de guerra, mas também dos que todos os dias trabalham cá dentro em condições de grande risco e de condições de trabalho inaceitáveis Para além do vínculo precário, a termo, ou trabalho á peça , a recibo verde, os jornalistas , em particular os mais jovens,sofrem um agrande pressão psicológica e até altos níveis de stresse.O que se lhes pede frequentemente para fazer era para ser feito ontem.
As chefias querem rapidez e qualidade,que façam uma cobertura jornalistia ao frio e ao calor, que «arranque» novidades às personalidades,uma notícia que os outros não tenham,um«furo», uma «caixa», que estejam neste local e noutro ao mesmo tempo.
Jornalistas são profissionais altamente expostos ao stresse
Por outro lado o jornalista quer pertencer aos quadros, quer uma carreira, quer ser reconhecido como um bom profissional e faz das «tripas coração».Assim os jornalistas são dos profissionis mais expostos ao stresse laboral e em alguns casos acabam no esgotamento, na depressão e com várias perturbações e doenças graves.
Porém, a cultura do meio profissional convida a não se mostrarem as fragilidades , as emoções.Há que ser forte e não mostrar que nos sentimos afectados pelos acontecimentos.A competição é grande entre os colegas, alimentada pelas chefias para que todos aceitem qualquer tarefa a tempo ou fora de tempo.As condições de segurança e saúde são desvalorizadas neste contexto; os riscos são escondidos ou escamoteados.
A utilização de equipamentos de trabalho como as motos para reportagens são equipamentos de risco com vanategns para o trabalho nas cidades mas que podem expor os jornalistas a situações altamente perigosas!
É importante que neste dia , mais um 28 de Abril, também considerado pela OIT e pelo Movimento Sindical Mundial como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho,a morte de Marta Louro, que se junta a tantos milhares que hoje morreram no trabalho, sirva para alertar a sociedade e em particular a inspeção do trabalho para a tragédia dos acidentes e doenças profissionais que matam mais do que todas as actuais guerras juntas.