No Dia da Mulher Trabalhadora não podemos ignorar

Amério Monteiro*

Talvez esteja a ser politicamente incorreto neste Dia Mundial da Mulher Trabalhadora. Eu sei que os tempos são de destacar o que mata, o que morre, o que assassina, o que se suicida.
E neste emaranhado, não somos capazes de analisar o quanto já se evoluiu e o quanto ainda falta caminhar para que haja igualdade efetiva, HOMEM/MULHER ou MULHER/HOMEM.
Uma das situações em que estamos a falhar redondamente é no que falta ainda para se conseguir igualdade entre Mulheres e Mulheres.
Aquilo que muitos querem ignorar, o meio operário, não faltam casos de mulheres com 40 e mais anos de trabalho e a receber ainda e sempre, o salário mínimo nacional . Não faltam casos de assédio moral (há casos de agressões físicas mesmo), também praticado por outras mulheres e ainda muitos casos de assédio sexual.
O país consegue aparentemente algum desafogo financeiro se assim se pode dizer e logo as profissões mais organizadas, de forma corporativa, avançam para conseguir mais e melhores direitos. Mas não se vê um pingo de solidariedades com aqueles que sempre estiveram atrás, sempre os mais massacrados socialmente.
São duros os tempos para os trabalhadores e as trabalhadoras dos sectores que sempre pagaram menos, sejam tempos de grande produção e lucros, sejam os tempos mais difíceis.
Dizia-me ainda hoje, 8 de Março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, uma pessoa amiga, que lida  e luta com essas mulheres destes sectores; nós temos que ser autenticas sociólogas, psicólogas, ombro de apoio destas pessoas em especial mulheres que todos os dias sofrem agressões no seu local de trabalho e sentimo-nos tão impotentes. E não obtemos respostas de intervenção da Autoridade para as Condições de Trabalho, os tribunais são muito, muito lentos e as pessoas têm medo, MUITO MEDO. Vivem um inferno e não podem dar a cara. Depois isto repercute-se na família, no marido, nos filhos. Receio até muitas vezes pela vida da própria pessoa e dos seus filhos.
É o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, reflitamos no que se faz, como se faz, o que ainda falta fazer, como vamos fazer? Vamos a isso!

*Sindicalista

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