«Marcha contra o Desemprego» de 1982

A Greve Geral de 12 de fevereiro de 1982 foi, talvez uma das maiores greves convocada pela CGTP contestando  o então chamado «pacote laboral» que introduzia os contratos a prazo e abria as portas aos depedimentos.No mês de janeiro quando o Plenário de Sindicatos aprovou a greve também aprovou uma criativa iniciativa sindical, A MARCHA CONTRA O DESEMPREGO, para colocar na ordem do dia este flagelo social que estava acima dos 8%.Cresciam os despedimentos colectivos de centenas de empresas intervencionadas pelo Estado e que agora estavam a ser entregues aos aintigos patrões.A situação social era grave!

«A Marcha contra o Desemprego, realizada entre os dias 28 de março e 3 de abril de 1982 ,há 38 anos, foi uma ação inédita de grande impacto junto das populações das terras por onde passava e na sociedade em geral.A cortina de silêncio sobre o flagelo do desemprego foi quebrada.Encabeçadas por membros da Comissão Executiva da CGTP,  uma coluna partiu do Porto e outra de Évora em direção a Lisboa.Nas localidades os activistas sindicais e desempregados eram recebidos pelas populações que se solidarizavam com a marcha, e dezenas de pequenos comerciantes e agricultores contribuíam para garantir as refeições e alojamento às centenas de participantes que integravam cada coluna.Este periodo foi de grande criatividade nas formas de luta levada a cabo pelos trabalhadores.

O ministro da administração interna do govern da AD, informado da Marcha, envia uma carta à Central a proibir o desfile nas cidades  aos dias de semana antes das 19,30 horas, invocando a lei já caída em desuso, com a realização de centenas de manifestações de manhã, de tarde e à noite, depois do 25 de Abril….

Todavia os trabalhadores não se intimidaram e foram progredindo em direção a Lisboa sem impedimento.Mas os que vinham do Norte, após terem atravessado a Marinha Grande com grande apoio do operariado e da população da histórica Vila, ao chegarem ao cruzamento que marca a fronteira de Torres Vedras, concelho do Distrito de Lisboa, depararam-se com um forte aparato policial militarizado. A GNR, equipada com cães, bastões , escudos e viseiras estava ali para travar a entrada da Marcha no distrito de Lisboa, a coberto de uma proibição do governador civil.

Era mais uma tentativa de pôr em causa o direito de manifestação.Após ameaças, imapsses e diligências, os trabalhadores seguiram para Lisboa, onde as duas colunas convergiram e  se juntaram no centro da cidade, acompanhadas de milhares de outros trabalhadores que foram ao seu encontro…»

(In Contributos para a história do movimento operário e sindical 1977 a 1989, Volume II, CGTP)

 

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