JOSÉ VAZ-escrevo porque quero contribuir para seres humanos livres, criadores e fraternos

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A sua obra Celestino, o rato da biblioteca foi tema de uma tese de mestrado na Universidade do Porto e o seu livro, A Fábula dos Feijões Cinzentos, (sobre o 25 de Abril) foi considerado pela Revista LER, em 2012, como um dos melhores 25 livros para crianças publicados nos últimos 25 anos.

José Vaz o escritor que foi operário, tornou-se um autodidacta, artista de teatro amador e acabou por fazer o curso que sempre sonhou-História.Escritor que privilegia o público infantil justifica a sua vocação dizendo:«Escrevo para as crianças porque gostaria de contribuir com uma pequenina pedra, através das histórias que invento a partir da vida transformada pela imaginação, para a construção de seres humanos mais livres, criadores e felizes e onde os sonhos sejam caminho para uma humanidade mais fraterna».(ver nota curricular sobre o escritor).

 

Como nasceu esse teu gosto de escrever e porquê especialmente para crianças?

– Sempre fui criativo e a escrita foi o veículo escolhido para dizer aos “cidadãos-a-longo-prazo” que, por detrás da crua realidade, há alguma beleza que se esconde nas palavras, nas imagens e nos gestos de humanidade. Escrevo para as crianças porque gostaria de contribuir com uma pequenina pedra, através das histórias que invento a partir da vida transformada pela imaginação, para a construção de seres humanos mais livres, criadores e felizes e onde os sonhos sejam caminho para uma humanidade mais fraterna.

 

Enquanto trabalhavas e estudavas conseguias escrever. A escrita é para ti uma terapia, um elemento de equilíbrio, de relaxe?

– Mesmo nos interstícios do trabalho e do estudo, a imaginação pirava-se de vez em quando e lá surgiam as ideias para uma história. Que o digam as margens dos cadernos de apontamentos e as milhentas línguas de papel rasgado. A escrita foi muitas das vezes o meu refúgio e o meu equilíbrio à penosidade dos dias. A escrita também me serve para dizer: Vejam como eu existo!

 

As tuas vertentes de historiador e de militante do associativismo  ajudam-te na escrita?

– Não sei se foi pelo facto de o meu primeiro livro que conheci aos seis anos se chamar “A tomada da Bastilha”, a verdade é que sempre gostei de conhecer a vida dos homens no tempo e nos espaços – a História.

E um dia, quando deixei de ser aperreado pelas exigências do trabalho na fábrica da cerveja, decidi cumprir um sonho de juventude: licenciar-me em História e fazer um mestrado em História Contemporânea sobre Grupos Populares de Teatro.

Escolhi esta temática porque sempre fui militante da cultura participativa e protagonizada pelas associações populares de base e das comunidades locais. Nesse sentido, na terra de raiz, Avintes da margem esquerda do Douro, criei três eventos anuais, um projecto para a infância e juventude e um Centro de Documentação e Investigação em História Local.

A história e as organizações populares são, também, fontes inspiradoras para a minha escrita. Cito como exemplo o meu livro: “O homem que falava com as flores- Manuel de Arriaga” e as obras historiográficas, escritas a duas mãos: “Grupo Mérito Dramático Avintense – 100 anos de Arte e de Solidariedade” e “Plebeus – 100 anos ao serviço da Arte e da Cultura em Portugal” (este ainda no prelo).

 

 

 

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