Antes da pandemia Portugal já era um País de poucas greves ao contrário do que afirmam algumas pessoas.O facto de que as greves mais mediáticas ocorrerem nos transportes e nos serviços do Estado leva á percepção de que temos muitos conflitos laborais .
Neste texto abordamos apenas o sector privado e as estatisticas mostram que a pandemia deu uma machadada enorme nas greves.Assim a percentagem de greves em 2020, primeiro ano de COVID 19, foi 30% inferior ao ano de 2019, enquanto que o número de trabalhadores em greve desceu 37% e os dias de trabalho perdidos desceu 54%.
Quase 50% das greves ocorreram nas grandes empresas com 500 ou mais trabalhadores e quase 35% em empresas entre 100 e 500 trabalhadores.É também nestas grandes empresas que a organização sindical é mais forte e determinante na defesa dos direitos dos trabalhadores.
Quanto á duração da greve a maioria, mais de 54%, não passa de um dia, embora cerca de 26% das empresas façam greve entre 2 a 5 dias.
Para o total das greves, apenas 6,0% das reivindicações foram totalmente aceites, 33,8% parcialmente aceites e 60,2% recusadas.Neste capítulo a situação não foi particularmente diferente com a pandemia.Em 2019 e para o total das greves apenas 7,5% das reivindicações foram aceites.
Estes dados obrigam necessáriamente a uma reflexão importante dos sindicalistas e investigadores sociais procurando aprofundar as razões( necessáriamente múltiplas e diversas) desta situação.A eficácia da greve tem diminuido substancialmente no sector privado e também no sector público onde a maioria das vezes assistimos a um simulacro de negociação, havendo poucos resultados palpáveis para os trabalhadores e, em particular, para os sindicalizados que pagam quotas.
Fonte:GEP