Em resposta aos ataques perpetrados pelo Hamas no dia 7 de outubro de 2024, o estado de Israel montou uma expedição punitiva sobre Gaza que rapidamente deslizou para uma tentativa de aniquilação física e cultural do seu povo. Usando como pretexto o direito à segurança, um dos mais poderosos exércitos do mundo tem levado a cabo uma campanha militar assente no bombardeamento de áreas residenciais, destruição de hospitais, escolas e universidades, deslocação forçada de populações e uso deliberado da fome. A utilização de termos como limpeza étnica ou genocídio para descrever o que se está passar desde então em Gaza não é um exagero.
Abandonado pelo mundo às armas israelitas, o povo de Gaza é, claro, a primeira e mais importante vítima destas atrocidades. Mas também a paz mundial está entre as baixas desta campanha. Ao manterem um apoio praticamente incondicional a Israel, os EUA e os países europeus – com as honrosas excecões da Espanha e da Irlanda – isolaram-se internacionalmente e destruíram qualquer pretensão à superioridade moral no plano diplomático. Com isso, deram um contributo decisivo para legitimar todo o tipo de aventuras imperialistas, em curso – como a invasão russa da Ucrânia – e futuras.
É da máxima urgência o cessar-fogo e a retirada do exército israelita de Gaza. Mas o simples regresso ao status quo ante bellum não é suficiente. A operação isrealita vai deixar um território destroçado, dezenas de milhares de mortos, incontáveis feridos e uma geração de jovens palestinianos marcada para a vida. Perante isto, a elaboração de um plano internacional de largo fôlego para a reconstrução de Gaza e a investigação exaustiva das atrocidades e crimes de guerra cometidos pelo exército e governo de Israel são o mínimo que se impõe.
Nestes tempos sombrios, a BASE-FUT manifesta a sua total solidariedade para com o povo palestiniano, apela aos setores progressistas da sociedade israelita para que exijam o fim da guerra e denunciem publicamente os crimes que são cometidos em seu nome e pede a todos os governos europeus que adotem um programa severo de sanções contra o governo israelita.
Lisboa, 14 de maio de 2005
A Comissão Política Nacional da BASE-FUT