Ainda as eleições europeias!

Aristides Silva*

Este é o ponto de vista de uma pessoa da área da esquerda, embora sem filiação partidária, que ia fazer 25 anos de idade quando se deu o 25 de Abril de 1974. Dentro desta área, já votei em quase todos os partidos, dependendo sempre das circunstâncias de cada momento.

Tratando-se de umas eleições europeias, mais importante do que saber quem ganhou e quem perdeu em Portugal é saber quem ganhou e quem perdeu na Europa! E o que os resultados nos mostram é o crescimento avassalador da extrema-direita, sobretudo em França (a terra da liberdade, igualdade e fraternidade)!… E agora os sinos tocam a rebate e a esquerda vai “correr atrás do prejuízo”!

Já se previa que este crescimento fosse uma realidade e a pergunta que eu faço é esta: perante as insuficiências dos vários “centros” que têm governado os europeus, porque se viram estes para as direitas e não para as esquerdas?

Em Portugal, apesar de alguma pouca diminuição, a abstenção continuou a ser rainha: menos de 40 % dos eleitores exerceram o seu direito – e dever – de voto, abaixo da média da União Europeia! Os portugueses e os seus partidos ainda não perceberam a importância de uma forte Europa dos direitos e das liberdades! E tanto assim é que o foco nas questões nacionais protagonizado durante a campanha o demonstra.

Em Portugal, por exemplo, sabendo-se que o contexto de crescimento da dita extrema era uma possibilidade mais que evidente, porque insistiu uma certa esquerda em dizer que o voto no PS ou na AD era exatamente a mesma coisa?! Porque continua essa esquerda a não se demarcar claramente de Putin e do seu regime, quando se sabe que é a extrema-direita europeia (sobretudo em França e na Alemanha) quem o apoia?!

Neste mesmo contexto de avanço das forças retrógradas, o voto da esquerda plural deveria ser feito mais com a razão do que com o coração, como agora em França se está a equacionar! Se o tal contexto fosse outro, o meu voto seria no partido Livre que teve quase 150.000 votos mas que não elegeram qualquer eurodeputado!

Por outro lado, já agora, faz sentido haver 17 candidaturas a estas eleições num país com a dimensão de Portugal?! Será que há assim tantas famílias políticas diferentes ou o que há é, talvez, sectarismo a mais?

GAIA, 11/06/2024

* Dirigente Associativo,militante da BASE-FUT   e ex-sindicalista

 

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