Nas conclusões finais do seminário internacional de 19/20 de março de 2020 sobre «trabalho digno numa sociedade social e ambientalmente sustentável »promovido pela BASE-FUT podemos ler: «…Mas é também necessária solidariedade no interior de cada país e região. Os trabalhadores – e em particular os trabalhadores dos setores de produção energética tradicional – não podem ser deixados à sua sorte. É o capital e não o trabalho quem tem retirado os principais benefícios de uma economia intensiva em carbono. Não pode, pois, ser o trabalho a arcar com os custos e perdas que inevitavelmente decorrem da descarbonização.
As limitações reveladas pelas aplicações efetivas da responsabilidade social das empresas, mostram que o setor privado, embora podendo dar uma contribuição relevante, não está vocacionado para conduzir esta transição. Uma transição justa exige, em vez disso, planeamento e investimento públicos para assegurar a criação de novos empregos de qualidade, a formação e requalificação dos trabalhadores e a salvaguarda dos seus rendimentos. E a única forma de garantir que estes esforços servem efetivamente o interesse dos trabalhadores é o envolvimento profundo dos seus representantes.
Ora, como demonstra o caso recente em Portugal do processo de encerramento da refinaria de Matosinhos e das centrais termoelétricas de Sines e do Pêgo, o interesse dos responsáveis políticos nesse envolvimento está longe de ser a realidade. Tal demonstra que são as organizações de trabalhadores que têm de impor esse envolvimento – e isso requer força política e social. Para tal, é necessário que os movimentos de trabalhadores criem alianças com outros movimentos sociais e, à cabeça, com os movimentos ecologistas e de defesa do ambiente. »