Será possível aumentar o controlo sobre o nosso tempo de trabalho nesta economia? Esta foi uma das questões colocadas no Seminário Internacional «Trabalhar Menos Viver Melhor-como organizar o tempo de trabalho na nova economia»que hoje teve início pelas 17 horas no Hotel Sana Malhoa, em Lisboa.
Na sessão de abertura, que teve a participação da Directora do Escritório da OIT, Mafalda Troncho, o Presidente do CFTL Paulo Caetano, colocou um conjunto vasto de preocupações sobre a redução do tempo de trabalho na chamada economia digital, com especial enfoque no desafio que as novas tecnologias de informação e comunicação representam na definição de fronteiras entre tempo de trabalho e de descanso,
Por sua vez o co-Presidente do Centro Europeu para os Assuntos do Trabalho ( EZA), Piergiorgio Sciacqua, salientou que o trabalho está no coração de toda a vida e, infelizmente, para além de se ter avançado pouco no domínio da redução do tempo de trabalho na Europa, também houve estagnação salarial.Chamou ainda a atenção para as causas que podem estar no crescimento dos movimentos populistas de extrema direita na Europa.
Mafalda Troncho referiu-se ao centenário da OIT (1919-2019) e ao tema das comemorações, o futuro do trabalho,referindo que o tempo de trabalho tem relação com a pobreza e o desemprego.Os trabalhadores com baixas remunerações têm necessidade de trabalhar mais para poderem sobreviver.
Com o primeiro painel colocaram-se em cima da mesa algumas ideias sobre a redução do tempo de trabalho na Europa com experiências e estudos em alguns países , sendo neste aspecto relevante a intervenção de Agnieszcka Piasna, investigadora do ETUI, Instituto Sindical Europeu, que salientou a importância da contratação colectiva para se negociarem de forma criativa formas de redução do tempo de trabalho sem redução do vencimento.A investigadora do ETUI apresentou um conjunto de argumentos a favor da redução do tempo de trabalho que vão desde a saúde, passando pela conciliação da vida familiar e profissional, até à melhor produtividade e satisfação no trabalho. Rainer Ribmayer, coordenador de projectos do EZA, apresentou algumas conclusões dos seminários do EZA que se realizaram em vários países sobre a digitalização da economia e os desafios para os trabalhadores e suas organizações.O trabalho atípico, nomeadamente o trabalho de plataformas digitais, foi apresentado como um dos grandes desafios e problemas do presente.
O Seminário, que tem a participação de cerca de meia centena de sindicalistas, formadores e animadores sociais, é organizado pelo Centro de Formação da BASE-FUT com o apoio do EZA e da Comissão Europeia.