Fernando Abreu*
Ao contrário da morte do cão de Obama, divulgada e comentada, em quase todos os Orgãos de Comunicação Social nacionais, a deste sindicalista, Richard Trumka,vítima de ataque cardíaco, não obstante as Agências Internacionais a tenham difundido, não encontrou eco em Portugal. Evidentemente que a Comunicação Social tem critérios, e no que respeita ao sindicalismo, a regra é denegri-lo ou ignorá-lo.
Não pretendo fazer qualquer espécie de apologia da atividade da Entidade Sindical pois não ignoro e não esqueço que a sua Agência, ORIT, aliada e subsidiada pela CIA esteve envolvida em vários golpes desferidos contra os governos progressistas da América Latina, relevantemente no Chile de Allende.
É do homem-sindicalista, neto e filho de trabalhadores mineiros, que pagar os seus estudos também ele trabalhou minas de carvão, onde, como relevava, aprendera a dureza da vida e a exploração do trabalho, participando nas greves por melhores salários, redução de horários e da segurança, sindicalizando-se e aceitando responsabilidades, progressivamente, na base e no topo da Organização sindical.
Não sendo o que, entre nós, consideramos um progressista, sentia-se condicionado por uma luta interna em que as correntes conservadoras são numerosas e que ameaçavam com a cisão, e, por isso, como confessava, não conseguia concretizar algumas das prometidas reformas.
Não obstante tais condicionantes, a nível interno defendeu a legalização e a igualdade de direitos de todos os trabalhadores emigrantes independentemente dos países de origem, combateu o racismo e promoveu a defesa da igualdade salarial de homens e mulheres e o acesso destas a cargos sindicais, pelo que na sequência da sua morte, pela primeira vez na história a presidência da AFL/CIO será desempenhada por uma Mulher e a Vice-Presidência por um Negro.
Externamente, ao empenhar-se na dissolução da ORIT granjeou o respeito junto dos sindicatos da América Latina e contribuiu para uma reorganização que está a permitir um reforço da atividade sindical neste Continente.
A confirmar esta nova realidade, em Julho passado, a AFL/CIO a CUT brasileira firmaram um Acordo de cooperação de que destacamos os seguintes pontos: 1)Compromisso de agirem unificadamente para o estabelecimento internacional de um imposto sobre transações financeiras;-2)Ações conjuntas nos dois países em empresas em unidades de empresas dos Estrados Unidos estabelecidas no Brasil,- 3)Apoio da AFL/CIO aos trabalhadores brasileiros emigrados nos Estados Unidos no sentido da regularização da sua situação no país e da sua sindicalização, para o que a CUT fornecerá a necessária literatura em português.
Há que aguardar pelos desenvolvimentos futuros, mas como diz o poeta “é a caminhar que se faz caminho”.
30 de Agosto de 2021
*Fernando Abreu é fundador da BASE-FUT e seu primeiro Coordenador Nacional