O António Carvalho acaba de nos deixar devido à lei da vida cujo fim é a morte.
A sua vida de militante da Base – FUT após o seu regresso a Portugal, após o 25 de Abril, foi muito importante dado os seus conhecimentos, e alma de lutador. A sua contribuição para a dinâmica da Base-FUT acaba de ser descrita e recordada por dirigentes da BASE-FUT no Norte, bem como o seu contributo ao associativismo e ao folclore naquela Região do país.
Também ele membro da Liga Operária Católica, ainda em França, aderiu ao Movimento BASE que, em Portugal, operava na clandestinidade, difundindo entre os emigrantes portugueses os documentos que lhes fazíamos chegar por portadores de confiança, em algumas situações por pessoas que, por se dirigirem a outros países, os expediam para os endereços que lhes confiávamos.
Recordo a alegria quando, por sua iniciativa. eu e Pe. Jardim Gonçalves nos reunimos, em Paris, com o grupo de emigrantes que lhe eram mais próximos, da avidez com que nos escutavam e discutiam as “novas” que lhes transmitíamos, de modo especial, o seu pronto apoio à decisão de completarmos a ação dos Movimentos e do CCO com a criação do Movimento clandestino BASE para reforçarmos a luta contra o regime político fascista, ao qual aderiu de imediato.
Foi com gente desta têmpora que se formou e se desenvolveu a Base-FUT. Prestemos a homenagem que merecem, recordando o seu Testemunho. Condolências a toda a família, e em especial à sua esposa Letícia, filhos e netos.
Obrigado, querido Amigo e Companheiro.
Fernando Abreu
Testemunho
«..De facto, a BASE-F.U.T. deu-me uma ajuda enorme nas análises a fazer a nível político/social sobre as verdadeiras causas da miséria, da exploração, da repressão, da falta de liberdade, da falta de paz, num país que se dizia cristão; tudo isto provocado por pessoas e organizações sem escrúpulos, sem humanismo. Também contribuiu e ajudou-me muito nos métodos da ação a desenvolver no campo cultural, sindical e político, em diálogo e respeito com os outros para se conquistar mais valores, não só materiais necessários para se sobreviver, mas sobretudo, os valores essenciais que dignificasse a pessoa humana no sentido de se engrandecer, de se valorizar pessoal e coletivamente; tendo sempre como lema a luta por mais justiça, mais liberdade, mais cultura, mais fraternidade e mais paz entre os povos.
Também nesta linha, tenho ainda a sublinhar, que eu e a minha esposa, enquanto emigrantes (França e Luxemburgo), durante 18 anos, enfrentamos grandes desafios com muitos sacrifícios, para estarmos ao lado dos emigrantes, sobretudo portugueses, prestando apoio social, como também na defesa dos seus direitos….» (extrato do testemunho que o António escreveu nos 50 anos da BASE-FUT e que vai integrar a Brochura comemorativa a publicar este ano)