Fernando Abreu*
Há os que lutam um dia e são bons,
há outros que lutam um ano e são mesmo bons,
mas há os que lutam toda a vida
e estes são os imprescindíveis (
(Bertelo Bretch).
Foi graças ao “olho clínico” da nossa saudosa Vitória Pinheiro que a “pedra preciosa” que entrara para colaborar no “Vida e Alegria”, à data, Orgão da Juventude Operária Católica Feminina (JOCF), cedo integrou a Direcção Nacional deste Movimento e entrou para a Equipa de Animadores do Centro de Cultura Operária (CCO) tendo sido, na circunstância de “ruptura” verificada a nível directivo, uma das principais defensoras da “viragem” ideológica e pedagógica que, indirectamente, viria a contribuir para , em 1969, ser organizado, o clandestino Movimento BASE, Movimento, ao qual aderiu por contacto do Júlio Ribeiro.
Por razões pessoais mudou-se para o Porto, onde se empenharia na dinamização da Delegação do CCO não sem, de início, deixar de sentir “saudades” de partilhar da renovação por que o CCO nacional estava a passar e é isso que deixa transparecer em carta dirigida ao então Director do Centro: ”andamos para aqui… ,participamos pouco do vosso trabalho…Vocês podiam ser mais pródigos em Informações,,, e ansiosa por tudo saber, tudo acompanha… ”gostaria de saber algo mais sobre as Edições pois gostaria de trabalhar neste campo”.
Sobre o CCO e a BASE no Porto como mulher de Esperança …“…as coisas por aqui vão andando, estão todos com vontade…devagar mas vai”. E o seu empenho e capacidade constituiu um contributo deveras importante para o reforço da acção do CCO no Porto e em Braga, ao verificar-se, pelo número de Delegados, que a Região Norte foi a mais representada no Encontro Nacional de Novembro de 1974 que decidiu pela Fundação da Base . FUT.
Para além do valioso e competente trabalho de formação de Animadores Culturais que desenvolveu tanto a nível nacional como da Região Norte, deve registar-se que os seus contributos documentais e a profundidade das suas Reflexões nas Sessões de Debate que antecederam a Realização da 1ª. Conferência Nacional Pelo Socialismo Autogestionário,
Foi, aliás, em reconhecimento da sua importante contribuição para a Definição dos Princípios Ideológicos da Base – FUT que lhe foi confiada a Intervenção de Enceramento do Encontro, intitulada : PROJECTO DA BASE – FUT: O SOCIALISMO AUTOGESTIONÁRIO da qual extraímos a seguinte passagem:
“Só os trabalhadores libertarão os trabalhadores” não é para nós, militantes da Base – FUT, uma palavra de ordem, mas um apelo constante que nos é dirigido e a todos os trabalhadores para a subversão permanente que temos de fazer para arrancar de dentro de nós o substrato fascista que nos obrigaram a interiorizar durante 48 anos….”
HONREMOS A SUA MEMÓRIA CONSERVANDO COMO IMPRESDCINDIVEL O LEGADO QUE NOS CONFIOU
29.07.2024
- Fundador e Primeiro Coordenador Nacional da BASE-FUT