Dia Mundial pela Paz foi momento alto da luta contra a guerra colonial

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O primeiro dia de janeiro, Dia Mundial da Paz, foi durante a década de 70 do seculo XX um momento de luta pela Paz contra a guerra colonial para muitos católicos e não crentes.Augusto Matias, frei dominicano e activista do Movimento Justiça e Paz naquele tempo, escreve  no seu livro «Católicos e socialistas em Portugal» que«numa época em que a Igreja universal se abria ao mundo eram os documentos do papa e do Vaticano que vinham em auxílio dos católicos que procuravam abrir a Igreja portuguesa ao país e contribuir para a abertura do País.

Nos primeiros anos dessa década organizaram-se diversas ações contra a guerra colonial com destaque para ações da Ação Revolucionária Armada (ARA), proxima do PCP, e das Brigadas Revolucionárias (BR) onde actuavam vários católicos.

«Ainda em 1970-escreve Matias-«é preso pela primeira vez o Padre Mário de Oliveira por exprimir nas suas homilias dominicais posições contra a guerra e o colonialismo.Esse facto veio dar mais um impulso ao meio católico particularmente na montagem de uma máquna de produção de documentos que não conhecerá tréguas».

Mas outros importantes acontecimentos ocorreram e que permitiram dinamizar a luta dos católicos contra a ditadura e a guerra colonial.Escreve Matias na obra referida:«Nas zonas de guerra os missionarios católicos e também protestantes estavam a corresponder denunciando massacres e outras situações que a guerra provocava».É o caso dos Padres Brancos em Moçambique no ano de 1971 e outros que se seguiriam.

Mas o caso mais emblemático de luta contra a guerra colonial no Dia da Paz viria a ser o «caso da Capela do Rato» em Lisboa na passagem do ano de 1972 para 1973.Refere o dominicano Augusto Matias:«Na mesma altura, em Lisboa, onde não havia Comissão de Justiça e Paz, eram lançadas as bases de um organismo constituido como espaço de encontro e debate dos empenhamentos dos católicos progressistas.É o Movimento Justiça e Paz onde sobressaem os nomes de Manuela Silva, Luis de França e Luis Moita.O primeiro encontro geral deste movimento viria a ser em julho de 1973.Mas antes disso um outro acontecimento ressuou em todos os cantos do país, avivando o processo de luta anticolonial.Foi o conhecido «caso da Capela do Rato».Na noite de 1 de janeiro, Dia Mundial da Paz, cerca de 150 pessoas celebram uma vigília pela paz na Capela do Rato, onde aprovam uma moção contra a política colonial portuguesa, entrando depois um grupo em greve da fome, gesto de solidariedade com as vítimas da guerra…»

Este acontecimento foi acompanhado e apoiado em simultaneo na manhâ do dia 1 de janeiro por um documento com a referência  de Trabalhadores Cristãos O documento foi divulgado por meio de uma explosão de petardos que os espalhou em vários locais de Lisboa.O «Caso da Capela do rato»teve um grande eco nacional e internacional e feriu politicamente o regime provocando debates na Assembleia Nacional entre os liberais e os ultras bem como uma homenagem no III º Congresso da oposição Democrática.

 

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