Avelino Pinto*
A Cooperativa “Os Amigos de Sempre” fez dez anos. Viva a Cooperativa “Os Amigos de Sempre”, por muitos e bons anos, por mais dez…e outros tantos…
Uma quinzena de anos passaram desde que uns amigos se começaram a reunir com a ideia de ter um lugar onde pudessem viver os dias da velhice. A utopia moveu a vontade dos que acreditaram, alguns ficaram, outros partiram, houve reuniões, assembleias, passeios, visitas a experiências, encontros, desencontros, e o sonho aconteceu: a Cooperativa “Os Amigos de Sempre”.
Agora, numa tarde, tivémos um encontro com um significado particular: vimos o sonho que “Os Amigos de Sempre” alargaram a mais, em 10 anos, como resposta a necessidades sentidas de apoio e acompanhamento, e à aspiração antiga de viver próximo de amigos.
O Artur Lemos acolheu-nos nas instalações do Polo Residencial com varandas para uma paisagem deslumbrante de montes bem verdes e sobre o Rio Trancão, no fundo do vale. Com uma voz serena, pôs-nos a par da vivência diária na residência permanente (que acolhe 50 pessoas), no centro de dia (com mais 20) e no apoio domiciliário (a 50 idosos).
Depois de uma vida de luta têm direito a descansar
Encontrámos um edifício bem construído, com todas as comodidades para pessoas que depois de uma vida de luta têm direito a descansar nas melhores condições possíveis, num lugar diferente de muitos outros. Com tanto dinheiro a ser desbaratado, os pobres que tanto sofreram para aguentar este País, merecem melhor que os autênticos armazéns, ou a rua.
Vimos as instalações: um quarto de casal, grande, com móveis claros e janela rasgada com varanda; salas e espaços comuns; quartos amplos com casa de banho privativa; o ginásio com os apetrechos exigidos e a sala de SNOEZELEN. Assim tenhamos nós a oportunidade de passar o resto da vida…e se houver sonho, vontade e disponibilidade de coração, o dinheiro não será problema.
Um dos amigos, desabafou: uma visão muito favorável duma obra social que quero acompanhar e ajudar a desenvolver… Pensei no cuidado a ter com a sustentabilidade do projecto, pois com pessoas debilitadas e dada a idade dos que o criaram, tem de haver um rejuvenescimento geracional…Dava-me alguma tranquilidade pessoal, se o meu porto de abrigo por aqui passar, irei um pouco mais descansado com o acompanhamento possível que terei. Como é que posso associar-me sabendo que é incerto o meu vínculo.
* Com os contributos de São Ramos, Ana e João Bragança, J Amaro.