Sustentabilidade do planeta precisa de uma nova lógica

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*José Ricardo

A educação escolar foi-se reduzindo à perspetiva de ensino, no sentido de responder às necessidades emergentes da evolução tecnológica das empresas. A formação profissional ao longo da vida veio a tornar-se a auto-estrada da educação, relegando para as vias secundárias as formações humanistas e sociais que promoviam a cidadania e a igualdade.

A produção capitalista com as lógicas da maximização do lucro transportou-nos à sociedade de consumo e de desperdício. A sobreprodução conduziu ao absurdo de queimar produtos em excesso para manter o equilíbrio dos preços, na lógica de mercado da oferta e da procura. As classes com maior capital económico fazem a sua afirmação social através da permanente compra de novos produtos para substituição de outros ainda viáveis, aumentando o desperdício.

A perspetiva ecológica, que há décadas procura a difusão de uma nova cultura que combata os excessos das lógicas capitalistas, não conseguiu alterar as formas de produção e exploração económica, muito pela capacidade de mistificação e propaganda dos poderes financeiros.

As novas provas científicas que preconizam o extermínio da vida humana pelo contínuo crescimento da produção de CO2 e outros gases que fazem aumentar a temperatura do planeta, leva à tomada de consciência a nível mundial que obriga à alteração das formas de produção das energias. Mas não se critica nem equaciona a necessidade de mudança do sistema atual de produção capitalista de mercado. As iniciativas de economia circular, reutilizando produtos em desuso, são ainda marginais e produto de sub culturas de pequenos grupos. Não fazem parte da cultura das comunidades, quanto mais da sociedade e da educação pública.

A educação para a sustentabilidade do planeta não se pode circunscrever à demanda de novas formas de energia. A sustentabilidade do planeta precisa de novas formas de energia mas sobretudo de uma lógica nova da utilização dos recursos naturais. É esta exigência que pode transformar a cultura consumista e gerar novas formas de organização e controlo da produção: alterando a procura e regulando a oferta. Uma educação mais solidária pode levar a uma cultura mais respeitadora da natureza.

  • Animador social, especialista em educação e dirigente da BASE-FUT do Porto

 

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