Avelino Pinto*
“Chegar aos mais frágeis, escutar os de dentro e os de fora, chegar às pessoas mais fragilizadas, aos pobres, aos marginais ou carecidas de afeto da respetiva freguesia, unir esforços e contribuir para minimizar as dificuldades e ajudar a erguer os mais débeis, e procurar chegar a todas as pessoas, crentes ou não…
A participação das mulheres na vida da Igreja e inclusivamente no sacerdócio – um coro imenso de vozes que não pode ser silenciado, esquecido, maltratado»
Com estas propostas, o grupo de Pastoral Familiar de S. Tiago de Silvalde (Espinho/ Ovar), o Grupo Inter-paroquial do Vale de São Torcato (Guimarães), e muitos outros dão voz e têm vez na maior auscultação alguma vez feita à escala planetária, lançada pelo Papa Francisco, para preparar a assembleia do Sínodo dos Bispos de 2023.»
Cerca de 100 participantes nas jornadas da Conferência Episcopal, olharam para dentro: – “Tornar a nomeação de novos bispos mais célere, com a participação da comunidade nos processos de decisão e de escolha de lideranças;” “promover o papel da mulher na Igreja”. “Repensar a formação nos seminários; a “desvalorização da condição baptismal e excessivo clericalismo de sacerdotes; a dívida de escuta das pessoas mais frágeis e excluídas; a dificuldade em acolher, dialogar e estar com os jovens; definir estratégias de comunicação do anúncio do Evangelho;” a participação e corresponsabilidade de grupos, paróquias, movimentos – é “um ponto sem retorno”…
Algumas questões centrais permanecem: o acolhimento de famílias que tentam reconstruir-se; a questão do celibato (não para o fim do celibato dos sacerdotes, mas para o revalorizar com formas diferentes – padres celibatários e padres casados); “a participação das mulheres na vida da Igreja e no sacerdócio (o diaconado feminino e a ordenação de mulheres como opções a serem discutidas).
No entanto, reconheça-se, realidades sociais e culturais ficaram à margem da análise e das sínteses, como se lê neste texto: “em meados de 2022, estamos sem informações sobre quem vai elaborar a síntese nacional que os bispos portugueses irão enviar para Roma… a ser enviada à secretaria geral do Sínodo, depois de 15 de Agosto.
Renasce outra Igreja como Comunidade de Comunidades, contrapondo-se a uma Igreja marcadamente de poder, piramidal, ganha força e dimensão um regresso às origens, ao Evangelho e à comunidade dos primeiros tempos, com relevo à dignidade de cada membro e dos carismas, um dom recebido para servir os outros.
Convocado pelo Papa para repensar o papel do catolicismo no mundo e promover a participação e a corresponsabilidade dentro das estruturas católicas, o processo sinodal prolonga-se até 2023.
Os bispos parecem tranquilos, acomodados, cada um na sua esfera de ação, e os católicos são crianças que escutam, pelo que a interrogação permanece:
Nós, em Portugal, onde estamos? Onde ficamos? Para onde vamos?
Que conclusão, amigo leitor? Para onde se volta? Renovação? Revolução?
*Mestre em Psicologia, Formador e Animador Social
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