João Lourenço*
A presente situação social e a agitação que se está a fazer sentir em Portugal e na Europa leva-nos a relembrar o papel que os sindicatos e os trabalhadores ainda têm hoje e o que se pode esperar dos movimentos dos trabalhadores mesmo que estes sejam informais (coletes amarelos). Cabe aos sindicatos estarem sempre presentes e responderem ao desafio destas lutas motivadas pela precariedade económica e social.
Apesar das muitas dificuldades, será possível uma cooperação entre todos por serem causas comuns e próprias como o do querer responder aos legítimos anseios e às necessidades básicas á qualidade de emprego, saúde, habitação e a uma baixa de rendimentos. É urgente unir, organizar e mobilizar o maior número de trabalhadores, sendo tempo de envolver todas as forças, principalmente a classe média do público e do privado e, em particular, os mais jovens que são as maiores vitimas deste modelo de desenvolvimento.
Participação social alargada
Perante a crise social cresce a angústia nas classes modestas desprezadas e esquecidas, e a ação pode partir no passar a palavra. É preciso solidariedade para mudar, dar a conhecer as injustiças e as razões daqueles que estão a perder a esperança por ver baixar a sua qualidade de vida. Não surpreende que estes sejam os cidadãos mais mobilizáveis, mas urge envolver as restantes populações, conquanto estas estejam esclarecidas gerando em concordância a sua revolta, engrossando a luta dos trabalhadores e do movimento sindical.
Os sindicatos devem estar prontos para se abrirem e alargarem a participação a outros movimentos e associações que se mostrem interessadas e solidárias com as justas causas juntando-se aos trabalhadores pois a luta é de todos tal como os objetivos e os benefícios que dela virão. Juntos e em unidade serão mais facilmente alcançados os objectivos.
Os desafios que se colocam aos sindicatos mostram que é preciso inverter os motivos que levam á sua erosão, que também acompanha a dos partidos políticos pois é o futuro do atual modelo de representação coletiva que está em jogo. Vieram novas práticas e outras interpretações abusivas da lei, adulterando os seus objetivos e a pôr em causa alguma legitimidade dos sindicatos enquanto únicos representantes laborais para a defesa da parte mais “fraca” os trabalhadores. Estes são empurrados para o isolamento começando o mesmo nas empresas, mas tambem nos serviços do Estado.Alguma comunicação social divulga incompreensões arrastadas pelos governos que procuram reduzir as negociações praticamente às realizadas na concertação social tripartida. Ao mesmo tempo visam desvalorizar as posições e as lutas desenvolvidas no terreno, arrastadas para diálogos de surdos.Nas greves aplicam-se serviços mínimos cujo sentido visa levar á exaustão e à inércia, levando ao conformismo e à desmobilização, motivada pela fraqueza económica dos trabalhandores.
Sindicatos dinamizam a luta pelo futuro digno
Os sindicatos dinamizam a ação e lutam pelo seu futuro e de toda a sociedade no quadro dos seus legítimos direitos e dos cidadãos produtivos e reformados sendo a força mais organizada nas questões sociais.São os sindicatos que desenvolvem uma ação cada vez mais alargada no sentido do desenvolvimento do bem-estar e do combate á pobreza ou ainda perante o trabalho tipo escravo de nacionais ou de imigrantes,fazendo sentir a necessidade da cooperação e consciencialização para mobilizar em defesa do emprego digno, e em especial lutar pela vida e defesa do meio ambiente e da natureza.
Efetuado um estudo recente sobre representatividade foi confirmado por estimativa haver uma quebra na sindicalização. A justificação tem vários motivos como o do trabalho precário, a pulverização de pequenas unidades, a utilização de holdings de empresas reduzindo a grandeza do grupo, o desenvolvimento das plataformas de precários tipo UBER e Call- Centers tidos por muitos trabalhadores como emprego não definitivo mas passageiro. É urgente mobilizar para a defesa dos seus interesses e criar melhores condições para a sindicalização e eleição dos seus representantes para os órgãos dirigentes e delegados sindicais.
*Militante da BASE-FUT e ex-dirigente da CGTP