Reforçar o movimento progressista na Igreja?

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No passado dia 20 de setembro o jornalista António Marujo animou um debate promovido pelos «Amigos de Aprender» em Lisboa sobre o que se passa na Igreja Católica relativamente aos relatórios publicados em vários países sobre a pedofilia entre o clero.Relatórios no Chile, Nos USA, Irlanda, Austrália e Alemanha.

Em França  um jornal católico, o «Témoignage Chrétien», pede uma comissão de inquérito parlamentar para avaliar a situação e tomar medidas.Outro jornal católico o «La Croix», discorda da ideia anterior e pede uma comissão independente da iniciativa do episcopado.Em Portugal é o silêncio absoluto. Entretanto, alguns sectores conservadores da Igreja querem aproveitar a situação para mais um ataque ao Papa Francisco.Eis o resumo do debate acima referido da autoria de Avelino Pinto.:

«No verão, a luz do dia revelou o cataclismo que varre a Igreja, e várias questões, surgem: o que é que o Papa Francisco quer para esta Igreja? Que soluções se impõem?

Os abusos de anos e anos escondidos debaixo do tapete, com publicidade generalizada, avolumaram-se no regresso da visita ao Chile, com um erro de desconhecimento do Papa, corrigido após receber relatório de 1000 páginas. Convidou as vítimas e os Bispos a ir a Roma, entreguou a estes uma carta, e os 30 bispos colocaram nas mãos do Papa a decisão de os manter ou não nas suas dioceses. A carta sobre estes comportamentos e suas origens é violentíssima, com expessões duras, que começaram no dia seguinte à sua eleição, na Igreja de S. Maria Maior, ao dizer a um Cardeal incriminado que lá estava – O senhor não pode estar aqui. Saia.

Recorde-se o Relatório das autoridades judiciais da Pensilvânia, a investigação judicial da Alemanha , e a medida pro-activa para limpar a Igreja, na Austrália…

Face ao diagnóstico da mais grave crise da Igreja desde Lutero – que soluções? Uma, a

tolerância zero ao crime, e outra solução digna se exige: eliminar a casta de poder dos intocáveis que abusa do poder das consciências, que subverte e perverte o ser eclesial. Como erradicar esta casta poderosa que habita todos os espaços da Igreja?

Sair daqui, impõe-se

O Papa quer uma Igreja serva, pobre, sem poder. O povo que obedece, cegamente, há séculos e séculos, não quer o poder das consciências entregue a ninguém.

1º.passo – partir do interior da Igreja  e do conjunto da Igreja: que todas as dioceses do mundo sigam os Bispos Alemães ao requerer uma investigação judicial do poder civil.

2º. passo – O conjunto da Igreja – os crentes, mulheres e homens, jovens e adultos – tem de reflectir sobre isto, ter uma voz activa face às ruinas expostas. Sem fechar os olhos.

3º. Passo – Preparar a cimeira de Fevereiro de 2019, por toda a igreja, em todo ao lado onde um cristão, uma pessoa queira dar contributos para “curar a igreja”. Embora uma teólaga americana tenha dito – isto fica tudo na mesma –  eu, tu, nós, vós eles – muitos, muitíssimos – queremos curar-nos da nossa cegueira.

O Papa abriu caminhos – colocou outras pessoas no Banco do Vaticano; viveu, com muitos homens e mulheres um dia de jejum pela paz na Síria; tomou posição sobre as mulheres na igreja; lançou e apoiou o movimento da CASA COMUM… tentou ser coerente e levou outros a aderir. Não é possivel parar, estamos no ponto de não retorno.

O Papa vive e pratica o que diz e convida-nos a regresssar à lógica das Primeiras Comunidades (a que gostava de voltar em próxima mensagem.)

 

Avelino Pinto (Fim de Setembro, 2018)

*Texto escrito após o debate animado pelo António Marujo com os Amigos de Aprender.

 

 

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