António Brandão Guedes
Um dos paradoxos do cristianismo é o nascimento de Jesus de Nazaré.Um nascimento pobre,em fuga,em precárias condições como é também hoje a condição de milhões de pessoas,nomeadamente imigrantes,refugiados de guerras e catástrofes,de sem abrigo e desempregados!Tal paradoxo foi tão escandaloso que as primeiras gerações de cristãos foram mitificando o nascimento do Mestre acrescentando ao relato do mesmo a visita de poderosos reis magos vindos das terras do fabuloso oriente!
Mas o paradoxo ainda foi maior quando afirmaram que esse Jesus, filho de trabalhadores pobres, foi considerado filho de Deus-um escandalo para judeus e gentios para quem os deuses eram poderosos!
Este relato remete-nos para o tal olhar do Evangelho de ver o mundo pelos olhos dos pobres e abandonados.Não para enaltecer a desgraça e a pobreza como, por vezes, se apregoa,mas antes para nos libertarmos da pobreza e opressão.
O Natal é, assim, para crentes e não crentes, um desafio para ver o mundo a partir do olhar de quem está na mó de baixo, de quem sofre a escravidão e exploração laboral, de quem morre no Mediterrâneo na procura de melhor vida, na Palestina debaixo de bombas!
O Natal, na sua simples encenação, é uma proposta milenar para renovarmos individual e coletivamente o nosso empenhamento na transformação desta sociedade desigual e de exclusão de milhões de seres humanos de uma vida digna !No seu relato mágico o Natal aponta claramente para a fraternidade universal!
FELIZ NATAL PARA TODOS!