Júlia Louzada
(Brasil de Fato)
A tradição da mística da militância cubana se recusa a dizer que seus lutadores do povo morreram. Eles dizem que houve um desaparecimento físico. E talvez seja essa a melhor maneira de falar sobre José “Pepe” Mujica. Não como quem morreu, mas como quem segue entre nós — como presença, gesto e memória encarnada no corpo coletivo da militância latino-americana.
Mujica foi um homem de palavras simples, mãos calejadas e ética radical
É difícil escrever sobre a sua partida sem tropeçar na tentação da grandiosidade, mas Mujica não gostava de enfeites. Foi um homem de palavras simples, mãos calejadas e ética radical. Não buscava aplauso — buscava sentido. E talvez por isso mesmo sua vida tenha sido tão profundamente revolucionária: porque escolheu ser coerente, mesmo quando o mundo pedia espetáculo. Ler