O último 1º de Maio em ditadura e o primeiro em liberdade

O 1º de maio de 1973 foi o último Dia do Trabalhador assinalado sob a ditadura fascista: a PIDE começou a fazer prisões logo em janeiro.Segundo uma nota oficiosa da própria polícia política, nas vésperas do dia 1º de Maio já estavam presos 87 activistas políticos e sindicais.

A 30 de Abril deflagraram engenhos explosivos em 17 localidades de Norte a Sul, com a finalidade de espalhar panfletos e a perturbação na polícia.

Em Lisboa, por volta das 19,30 horas a polícia de choque postada no Rossio carregou violentamente sobre as pessoas, a maioria jovens trabalhadores e estudantes, que estavam nos passeios e mesmo dentro dos restaurantes e cafés nas ruas da Baixa.Os recontros duraram até às 21,30 provocando mais de uma dezena de feridos que receberam tratamento no Hospital de São José, seguindo depois para o Governo civil para serem identificados.

No Porto a meio da tarde a polícia tinha ocupado todos os acessos à Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade.Os cafés foram encerrados e cortada a circulação de veículos e uma carrinha da polícia com megafones convidava as pessoas a irem para casa.Houve incidentes e correrias que se prolongaram até de noite.O dispositivo policial só foi levantado por volta da meia noite.O Dia do Trabalhador foi também assinalado  em Coimbra, Alpiarça, Marinha Grande, Ovar e Torres Vedras.

O 1º de Maio em liberdade

Seis dias após a madrugada libertadora do 25 de Abril o povo português comemora em todo o País e com efusiante alegria o primeiro Dia Internacional do Trabalhador em liberdade.Após pressão da Intersindical junto da Junta de Salvação Nacional, o Dia 1 de Maio foi consagrado feriado nacional obrigatório e constituiu a primeira grande conquista do 25 de Abril.Realiza-se nas ruas e praças de todas as cidades e vilas do País.Em Lisboa, repleta de gente nas ruas, a manifestação dirigiu-se para o Estádio da então FNAT, hoje INATEL, repleto de uma multidão impressionante.Discursaram os dirigentes sindicais: Manuel Lopes em nome do sindicato dos Lanifícios de Lisboa, Jerónimo Franco, pelo sindicato dos Metalúrigicos de Lisboa,Gomes Peres pelo sindicato dos caixeiros de Lisboa e João Nunes Lourenço pelo sindicato da Marinha Mercante.Discursaram, também Álvaro Cunhal em representação do PCP,Mário Soares pelo PS,Francisco Pereira de Moura pelo MDP/CDE e Nuno Teotónio Pereira pelos Católicos Progrssistas.Todos estes dirigentes sindicais e políticos tinham experimentado , a perseguição, o exílio , a prisão ou a tortura.

No Porto o ambiente de exaltação provocado pela queda da ditadura e a conquista da Liberdade não foi diferente do de Lisboa.A Avenida dos Aliados e Praça da Liberdade encheu-se completamednte e podemos afirmar que o Povo Saíu à Rua!

O pior 1º de Maio em democracia

A 30 de Abril de 1982, na véspera do 1º de Maio, na concentração/Festa dos Trabalhadores do Porto, na Praça de Humberto Delgado,a polícia de intervenção abre fogo real contra os trabalhadores presentes assassinando dois operários e ferindo dezenas de outros.Cinquenta e cinco feridos receberam tratamento no Hospital de Santo António e três no Hospital de Vila Nova de Gaia.Os mortos foram Pedro Manuel Vieira, solteiro e operário têxtil;Mário Gonçalves, vendedor ambulante.Era Ministro da Administração Interna  Angelo Correia do governo AD..

Os funerais  dos dois jovens assassinados ocorreram no dia 5 de Maio de 1982, tendo a companhia no funeral de milhares de trabalhadores e populares, Militares de Abril e delegações do PCP e do PS.

(Texto elaborado com testemunhos da época e elementos do Livro da CGTP «40 anos de luta com os trabalhadores 1970-2010)

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