José Ricardo*
Não me cruzei com o José Mário Branco pessoalmente. Cruzei-me com o Zeca, o Fausto e o Vitorino, na Cooperativa Era Nova e em casa da Natércia Oliveira e noutros sítios, embora eles não soubessem o meu nome verdadeiro.
O José Mário Branco influenciou o meu caminho pela qualidade do “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, na letra e na música.No intervalo do trabalho, depois do almoço, alguns colegas do escritório ouviam o disco comigo na fábrica onde trabalhávamos.
No café, onde íamos tomar a bica, com colegas de outras empresas, a música e as letras do José Mário e do Zeca, influenciaram os presentes, ao ponto de tantos anos depois, com dezenas de anos de afastamento entre nós, me convidaram para um convívio e levaram a viola para cantar temas antigos. A cultura é o lastro identitário que molda os valores que conduzem às escolhas que fazemos. Esta poesia com uma crítica social profunda, associada a uma música de superior qualidade e de raiz popular mas com arranjos musicais que não eram comuns foram, para mim, um marco na minha educação e de muitos jovens.
A coerência de vida e aos valores socialistas ao longo da sua vida fazem dele uma referência que perdurará na nossa memória.
*Membro da Comissão para os Assuntos do Trabalho da BASE-FUT,investigador e animador social