Eleições legislativas-para quê?

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Fernando Abreu*

A 15 dias do próximo Acto Eleitoral, a fazer fé nas mais recentes sondagens, pode-se concluir que, independentemente de quem vier a ganhar as eleições , e tudo indica que será o PS e Costa.

Em termos de crescimento eleitoral será Ventura e o seu Partido. Pela negativa, o derrotado será o Presidente Marcelo por falhar, com estrondo, aqueles que julgamos terem sido os seus objectivos, ao anunciar, com sonoro e repetido pré-aviso, a dissolução da Assembleia da Republica, certo como estava de que o PCP e o Bloco votariam contra o Orçamento, a que se aliava a crescente perda de popularidade de Costa e à, gorada, expectativa de que o aguerrido opositor Rangel venceria Rio.

É, pois, legítimo pensar que, salvo imprevista reviravolta, a Esquerda continuará maioritária dado que o Chega não lhe retira votantes porquanto o seu crescimento é feito  à custa da transferência de votantes do CDS e do PSD, e este, o que perde com a passagem  dos reciclados para a extrema direita, compensa com ex-votantes do CDS, partido que corre o risco de não eleger qualquer deputado.

Por seu turno, PCP e Bloco, contrariamente ao que foi certamente o seu objectivo ao chumbarem o Orçamento, nada ganham, pelo contrário, pelas sondagens, perdem eleitores que retornam ao PS, pelo que é visível, sobretudo no PCP, como que um certo desinteresse pela Campanha Eleitoral, centrada sobretudo na conservação do eleitoral fiel.

Se este retrato não for desfigurado pela realidade dos votos contados, a composição da nova Assembleia permitiria, pois, a formação de uma nova “Geringonça”, hipótese que Costa, repetidamente, excluiu.

Perante este cenário, o Apelo dos 100 Cidadãos à constituição de  “Uma Maioria Plural de  Esquerda”  nas Eleições Legislativas, com o qual me identifico e apoio, é uma Aspiração necessária e desejável, que, porém, exigiria dos Parceiros uma humildade que lhes permitisse  recomeçar de novo um Diálogo franco e aberto, em que fossem estabelecidas metas e prazos realistas para a concretização dos Objectivos nas matéria que determinaram o rompimento das anteriores negociações, tendo presente a máxima de Lenine: “Quem estiver à espera de uma revolução social ‘pura’ jámais terá tempo suficiente para a ver”.

E, permito-me recordar que: .

Recentemente, no Chile, as Esquerdas derrotaram a direita impedindo que um confesso seguidor do criminoso Pinochet fosse eleito Presidente, mas o discurso de Boric, o novo Presidente, em nome da Frente Ampla (que engloba os comunistas) não é comparável ao de Allende, e, no entanto, foi aplaudido não só na Europa e pela maioria das Organizações de Esquerda da América Latina que vivem sob regimes de direita.

Para bons entendedores,basta

16,01.2022

*Fundador e primeiro Coordenador Ncional da BASE-FUT

Junta-te à BASE-FUT!