José Vaz*
Partiu hoje, para a dimensão da memória, o filósofo, escritor, professor, intelectual e interventor português que, na projeção das sombras da caverna vivencial do povo português, indagou o material de que era feito a alma portuguesa.
De menino, nascido há noventa e sete anos na aldeia de S. Pedro de Rio Seco, no Concelho de Almeida, Distrito da Guarda, Eduardo Lourenço fez-se no universo do pensamento e partilhou, com os portugueses e com outros cidadãos do mundo, a mundividência de um povo que teima em habitar o retângulo alongado da finisterra continental europeia – Portugal.
Normalmente, os chamados intelectuais, vivem encerrados nas suas bolhas de sabedoria mas, Eduardo Lourenço, muitas vezes, desceu as escadas da sua torre e interveio na “res publica”: em 1978 aderiu à União da Esquerda para a Democracia Socialista (UEDS); em 1980 apoiou Ramalho Eanes à Presidência da República; em 1985 apoiou Maria de Lourdes Pintasilgo à Presidência da República e Mário Soares, na segunda volta dessas eleições.
Eduardo Lourenço partiu.
Partiu, mas deixou-nos a herança da sua vida e da sua obra e, sobretudo, uma proposta para pensarmos, pensarmos no “ Irrealismo prodigioso dos portugueses”.
*Historiador,animador social e ex -Dirigente da BASE-FUT