E agora? Sondagens e projeções!

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Aristides Silva*

Começo por dizer que considero as sondagens da Universidade Católica das mais credíveis que há no mercado das sondagens. Por isso, não compreendo os erros clamorosos havidos em relação às projeções acerca destas eleições! Se não, vejamos:

A projeção da abstenção, já às 19 horas do dia 30, e tendo em conta dados do próprio dia da votação, foi de 49 a 54 %. O número real foi de 42 %! E ainda bem!

A sondagem à boca das urnas dava uma diferença de 7 pontos, tanto em limites mínimos como em máximos, entre os dois principais partidos à vitória. A diferença foi de 14 pontos, isto é, o dobro!

Na sondagem de 27/01, apenas a três dias da votação, a diferença entre PS e PSD era de apenas 3 pontos. Como se viu, foi de 14 pontos!…

Tanto na sondagem do dia 27 como na projeção do dia 30, a maioria absoluta era quase uma miragem. No entanto, aconteceu! Afinal, o que falhou?

Quanto aos resultados

Foi inequívoca a vitória do PS, sem margem para qualquer dúvida!

Os partidos de esquerda que chumbaram o Orçamento de Estado para 2022, sem esperar sequer pela sua discussão na especialidade e aliando-se à extrema-direita (!), foram os mais castigados, abrindo ainda mais as portas à direita e à dita extrema-direita!

Os dirigentes desses partidos, supostamente políticos experientes, não pesaram bem as consequências dos seus atos! Então, durante toda a campanha, não se fartaram de dizer que foram positivos os primeiros quatro anos desta governação?! Porque é que os seguintes não haveriam também de ser?

Não vislumbraram que o seu chumbo iria com toda a probabilidade levar a eleições antecipadas e que delas poderia resultar um Governo pior, como aconteceu já com o chumbo do famoso PEC IV que levou a tróica ao poder?

Não tiveram em conta que 2020 e 2021 foram anos cuja pandemia inesperada tudo condicionou e que, mesmo assim em matéria sanitária, Portugal foi um dos melhores países a nível europeu e mundial (sobretudo na vacinação)? Até por isto, seria uma tremenda injustiça o Governo do PS ser penalizado!

Eu não sou filiado em partido nenhum mas sempre votei à esquerda, de uma forma plural e nunca sectária, consoante os objetivos de cada momento! Desta vez assim fiz para evitar um governo de direita que, segundo as últimas sondagens, se perfilava no horizonte e não estou arrependido.

E agora?

Agora, antes de tudo, é preciso todos percebermos o contexto em que nos movemos! Um contexto de ainda pandemia, com as suas nefastas consequências económicas e sociais! Um contexto internacional em que forças extremistas começam a ganhar cada vez mais terreno (e só estou a referir-me ao chamado mundo ocidental)! Um contexto nacional em que, por via disso, até o próprio PSD já não serve (veja-se a ascensão da direita e da extrema-direita)!

Daí que o caminho seja o do diálogo entre todas as forças progressistas, na busca dos consensos possíveis, para o que será necessário e urgente menos arrogância e, consequentemente, um pouco mais de humildade, que é o que tem faltado!

PORTO, 31/JAN/2022

  • Ex-Sindicalista,Dirigente Associativo, Militante da BASE-FUT

 

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