João Bragança*
Na Mini Cimeira do Clima dos Amigos de Aprender (Nov., 2021) debateu-se a COP-26 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas. 2021(Glasgow).
Nesta situação dramática, para a Natureza e para as Pessoas, sobretudo os mais pobres de recursos, verificou-se que, face aos objetivos ambiciosos, se exigia maior ambição nas metas a adotar para limitar o aquecimento global até 1,5°C… Esse objetivo, praticamente abandonado, tornou-se uma decepção: os países que foram e serão as maiores vítimas das condições climatéricas, esperavam compromissos sérios para financiamento das Perdas e Danos, e mitigar as consequências. Porém, os 100.000 milhões de dólares anuais prometidos na conferência de Paris chegam tarde e por vezes, parte deles não chegam.
Gerou-se um clima de desilusão e de frustração geral nesta COP26. Não houve progresso no auxílio para o financiamento da fase de adaptação dos mais pobres e subdesenvolvidos às novas condições criadas pela mudança climática, e os países mais atingidos não têm fundos para a transição energética.
Na última década os fenómenos atmosféricos resultantes das alterações climáticas mataram 410.000 pessoas, afectaram milhões de outras e 30 milhões de deslocados….
Alguns pontos positivos, apesar de tudo isto
– Mais de 100 países assumiram o compromisso nacional voluntário (NDC) de reduzir 30% de emissões de gases com efeito estufa até 2030, sobretudo de metano (CO2).
– Mais de 110 países assumiram o compromisso nacional voluntário de Travar e Reverter a Desflorestação e Degradação dos Solos até 2030.
– Muitos países assumiram compromisso nacional voluntário de acabar com o uso do carvão na produção de energia eléctrica, compromisso que não se generalizou, por exigência da India, à última hora. No Acordo Final só consta “diminuir o uso do carvão ”
– Os Estados Unidos e a China, comprometem-se a reduzir as emissões de gases efeitos estufa e acelerar a transição para uma economia neutral em carbono. Prometem ainda colaborar na eliminação da Desflorestação Ilegal Global, aplicando as leis nacionais que proíbem as importações ilegais.
– Quanto ao petróleo nada se concluiu. A delegação do lobby dos combustíveis fósseis era maior que as delegações nacionais somadas, dos 8 Países mais afetados pelas alterações provocadas pela pela mudança climática (503 representantes contra 479).
Sustentou-se a necessidade de acabar com os combustíveis fósseis, petróleo e gás, e de neutralidade carbónica (2050) e da redução necessária de 45% do CO2 (2030).
– Alguns países e estados (12) liderados pela Dinamarca e Costa Rica, comprometeram-se a acabar gradualmente com a produção de petróleo e gás até 2050 (inclusivé Portugal), ficando em aberto novas adesões.
– Alemanha, Luxemburgo, Áustria, Dinamarca e Portugal assinaram uma declaração para retirar a Energia Nuclear da lista Europeia de energias sustentáveis.
Importa relevar a sensibilização e movimentação de milhões de pessoas em todo o mundo a pressionarem os líderes políticos dos seus países para assumirem compromissos audaciosos e eficazes que visem a efectiva redução de emissão de gases efeitos estufa a partir de 2020, afim de conter o aquecimento global abaixo de 2°c, preferencialmente em 1,5°c, e ainda o reforço da capacidade dos países de responder ao desafio, num contexto de desenvolvimento sustentável. (Acordo de Paris 2015, COP21).
Enfim, estamos perante uma declaração de boas intenções, mas nos regulamentos das Nações Unidas, nada consta quanto a obrigatoriedade de os países cumprirem as promessas que sendo bem intencionadas, por vezes, muitas vezs, não são cumpridas.
Tenhamos esperança de que o mundo vá estando alerta….
Não há fórmula mágica para as alterações climáticas: é da responsabilidade e trabalho de todos!
(Novembro. 2021)
- Trabalhador Aposentado do sector financeiro;ex -funcionário sindical.