Para José Jorge Letria, Bocage foi um “poeta do combate”.

Na praça que imortalizou o seu nome, na capital sadina (sua terra natal desde 1765), continua o “combate” por melhores condições de vida e de trabalho.

No dia 25 de fevereiro, esta praça foi o palco das intervenções sindicais: pelo Joaquin Leitão e Paula Bravo, pelas palavras de ordem e pelos hinos.Num dia de luta nacional, promovida pela CGTP-IN, em vários pontos do País, os trabalhadores percorreram várias ruas da cidade de Setúbal, desde a Praça do Quebedo até à Praça do Bocage.

Se não fosse a manifestação, era mais uma manhã de “silêncio enssurdecedor”, em cada lar.

Quem conhece aquela cidade, não fica indiferente.

Sente-se a pobreza!Um homem arrisca vender peúgas que traz nas mãos.

Duas ou três mulheres, tentam a sorte com pequenos recipientes de marisco colocados no chão de uma ruazinha, próxima do comércio que abriu.

Lembramo-nos do bom peixinho que a cidade servia aos residentes e aos visitantes.

Não ficamos sem café quente, pois a “comadre” da minha “prima”, levou de casa e gentilmente ofereceu-nos.

Só o Bocage faz presença permanente.

No fim, quando descansávamos (já em frente à Segurança Social), até senti receio ao aproximarem-se dois polícias, quando estávamos sentadas eu e a minha “prima”, num banco “sem fitas”, com os papéis sindicais nas mãos. Dizia-me ela que não estávamos a fazer nada de mal.

Às 13h30 partimos de autocarro, rumo ao Cais do Sodré, para às 15h00, os distritos de Setúbal e Lisboa, desfilarem juntos, pelas ruas 24 de julho e D. Carlos I, em direção a S. Bento, numa grande manifestação, com o tempo a ajudar.

Os  problemas atualmente vividos pelos trabalhadores, os esforços que têm que ser feitos, as conquistas alcançadas e as próximas lutas já agendadas para breve, foram sublinhados no palco em S. Bento, pela secretária geral Isabel Camarinha e a menina da Interjovem.

Aguardando as próximas lutas de rua, trouxemos trabalhos de casa/locais de trabalho, para que a chama  continue acesa.