CGTP iniciou preparação do XIVº Congresso

 

Américo Monteiro*

Depois de uma jornada de luta, em que milhares de trabalhadores se concentraram frente à assembleia da república, para protestar contra as anunciadas mudanças, ainda para pior, da atual legislação laboral, isto no dia 11/4, no dia seguinte, 12 de Abril 2019, a CGTP-IN, promoveu, num hotel em Lisboa, o 1º Encontro Sindical de preparação do XIV Congresso que decorrerá em 14 e 15 de Fevereiro de 2020 no Seixal, sob o lema “Valorizar os Trabalhadores, Construir um Portugal Soberano e com Futuro” .

O debate partia de um extenso documento base, apresentado com vários aspetos estatísticos e de reflexão.

Sobre alguns dos aspetos fiz uma intervenção, da qual resultou este texto:

Já houve varias intervenções em especial sobre problemas que mais afetam trabalhadores de diversos sectores. Eu não pretendo que desviemos a atenção desses problemas no emprego mas, queria que acrescentassem outras preocupações que hoje se nos colocam.

Na área do Desenvolvimento Sustentável, departamento de que sou responsável, mas alargando aos desafios das novas tecnologias, a digitalização e a inteligência artificial.

A CGTP-IN tem reflexão sobre este assunto das novas tecnologias e o futuro do trabalho. Assumimos que não é uma inevitabilidade.

O futuro faz-se sabendo para onde queremos ir. Vivemos momentos de aprendizagem e de desafio para todos, em especial para o mundo do trabalho. Sabemos que toda a tecnologia tem consequências, traz riscos e incertezas. Temos portanto que nos preparar para o provável confronto com quem vai dirigir, ou dirige já, este maquinismo produtivo e ao serviço de quem.

É importante identificar quem controla a técnica e que tipo de tecnologia pode contribuir para uma vida melhor, mais saudável e familiar.

A perspetiva é de que, muitos dos empregos agora existentes, numa ou duas décadas, podem tornar-se obsoletos. Então, que futuro do trabalho e do trabalho com direitos. Há o receio de que queiram acabar com isso. Tudo temos que continuar a fazer, para nos anteciparmos e impedir que se fuja aos critérios do direito ao emprego e emprego com direitos.

Vivemos numa sociedade onde as desigualdades são gritantes e se agudizam. 0,8% da população dispõe de 44,8% da riqueza, enquanto 63% da população vive apenas com 1,9% . Outros números muito preocupantes resultantes da organização atual da nossa sociedade, podem ser encontrados nas primeiras notas do documento apresentado.

O Ambiente, o fator energético e as questões climáticas, a desertificação, são preocupações a darmos atenção na atualidade.

Carvão, Petróleo, Gaz – os 3 fosseis que são de longe os mais usados para a produção de energia e contribuem de forma preocupante para o aquecimento global. Sabemos que há os que acham que as tecnologias vão resolver tudo. Eu apelava a que não nos fiássemos nisso, pois são já evidentes os resultados catastróficos das suas consequências por esse planeta fora.

Estes novos tempos exigem mais, daqueles que ainda acreditam no combate por uma sociedade mais justa.

Até que ponto nós, os sindicatos e os sindicalistas, damos atenção à chamada economia verde, às energias alternativas, descarbonização, etc?

Vejamos que essa redução do preço dos passes dos transportes que ocorreu, várias pessoas se pronunciaram publicamente sobre o assunto e quase ninguém se refere a ela como muito vantajosa para o ambiente e a descida da poluição.

Uma poluição que segundo estudos causa 3200 novos casos de asma por ano nas nossas crianças e que sabemos, causa também milhares de mortes por doenças respiratórias.

E se nos dizem que em menos de 10 anos, duas grandes empresas, centrais termoelétricas, vão ser encerradas. Os sindicatos, como vão reagir? Que exigências vão fazer nesta transição necessária para outro tipo de produção de energias? O que se vai fazer com os trabalhadores e pelos trabalhadores nestas circunstâncias? Já pensamos em conjunto no assunto? Debatamos pois o problema!

Dentro destas dinâmicas e realidades do país, nos últimos anos a população diminuiu 1%, entretanto Lisboa aumentou 6% e o Algarve cresceu 9%. A região do Porto ficou como o país com menos 1% da população. Estas questões da desertificação, das migrações das populações e da natalidade deve levar-nos também a aprofundar estes novos contextos e novas realidades.

Nós vimos que após termos derrubado o anterior governo, foi possível em algumas coisas, demonstrar que a governação deste país, podia ter sido bem diferente mesmo no tempo da troica. Pode ser muito diferente se as esquerdas, as forças progressistas, tiverem muita mais força e influência.

Construir um Portugal soberano é agirmos no local, mas pensar nos problemas ao nível global.

 

*Membro da Comissão Executiva da CGTP-IN, dirigente do CESMINHO, Dirigente da LOC/MTC, e participante do CAT da Base Fut.

 

Junta-te à BASE-FUT!