Centenário de José Saramago-escrever para desassossegar!

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Abel Pena*

“Vivo desassossegado, escrevo para desassossegar

O centenário do único Prémio Nobel da Literatura Portuguesa celebra-se em 2022 e não podia deixar o país indiferente ou sossegado. O comissário para as comemorações, o Professor Universitário Carlos Reis, e Pilar del Rio, Presidente da Fundação José Saramago, apresentaram na última semana de junho as linhas gerais do programa comemorativo dividido em quatro partes: destacar o trajecto biográfico do autor na sua vertente cívica e formativa; divulgar leituras em escolas e bibliotecas; promover publicações e fomentar o debate na academia.

Na apresentação do programa, Pílar del Río salientou que “o centenário de José Saramago permitirá que nos recoloquemos diante de uma obra e de um modo de estar no mundo. Fá-lo-emos com a sensibilidade adquirida ao longo do tempo de pandemia, quando vimos a importância deste bem essencial que é a cultura. Sem ela, sem as distintas manifestações que incorporamos, leitura, música, teatro, séries de televisão, o tempo teria sido ainda mais sombrio e a nossa capacidade de resistência teria diminuído. É a partir desta premissa que celebramos os cem anos de vida do contemporâneo que José Saramago é.”

A data escolhida para o arranque das comemorações foi 16 de novembro, data em que José Saramago completaria 99 anos. O dia começou com diversas iniciativas, sobretudo em Portugal e Espanha (Canárias), com leituras do conto ‘A maior Flor do Mundo’. Entre outras iniciativas, destacou-se a presença da escritora espanhola, Irene Vallejo, cujo livro, O Infinito num Junco, já aqui foi recentemente apresentado.

As comemorações de um dos maiores escritores da literatura mundial não podiam deixar de ser à medida da sua grandeza. Prevêem-se, assim, iniciativas espalhadas por todo o mundo, quer através de patrocínios públicos e privados, quer através de parcerias com entidades que manifestaram interesse em contribuir para a celebração dos cem anos do autor.

Não faltarão, porém, outras iniciativas de grande dimensão, como se deduz do programa comemorativo: exposição fotográfica de inéditos do autor, estudos sobre escritores galardoados com o Prémio José Saramago, um volume da colecção O Essencial Sobre, sob a chancela da Imprensa-Nacional, exposições, música, teatro, dança e espetáculos em várias cidades do país.

Entretanto, neste desassossego criativo, Portugal vai ter a primeira Cátedra José Saramago, em Vila Real, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Dimensionada para o campo das ciências sociais e humanas, a Cátedra José Saramago projecta organizar roteiros na região do Douro a partir da obra do autor, bem como colóquios, seminários e outros projetos artísticos.  Este convénio, assinado em boa-hora por várias entidades, entre as quais a Fundação José Saramago, reveste-se da mais alta importância para a cultura da região, do país e do mundo.

(Texto reconstruído a partir de diversas fontes)

 

  • Abel Pena é Professor Aposentado da Faculdade de Letras de Lisboa e Dirigente Associativo.

 

 

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