A BASE-FUT olha com grande preocupação para a greve dos enfermeiros, o contexto que lhe dá origem e as reações que diferentes agentes políticos e sindicais têm manifestado a este propósito.
Condenamos a utilização de linguagem pouco rigorosa a propósito desta greve por parte de alguns responsáveis governamentais, em particular a sua classificação como “selvagem” e a correspondente insinuação de que seria ilegal. Qualquer que seja a nossa opinião sobre os motivos específicos desta greve, o direito dos enfermeiros à greve não pode nem deve ser posto em causa, sobretudo quando nada nesta greve – do cumprimento de prazos para o pré-aviso avisos de greve até à definição de serviços mínimos – sugere a sua ilegalidade. Além disso, trazer para o plano jurídico aquilo que é, acima de tudo, uma questão sindical e política, em nada ajuda à resolução satisfatória deste conflito.
Sem prejuízo desta posição, a BASE-FUT expressa reservas no que respeita à estratégia sindical da qual esta greve faz parte. Ainda que compreendamos as queixas dos enfermeiros e apoiemos várias das suas reivindicações, consideramos que a forma escolhida para esta greve pode ser contraproducente, tanto para os próprios enfermeiros como para o movimento sindical como um todo. Com efeito, seria trágico este conflito tivesse como principal resultado o fortalecimento daqueles que defendem interpretações restritivas do direito à greve ou mesmo alterações ao código do trabalho que restrinjam este direito fundamental dos trabalhadores.
A BASE-FUT pugna por um sindicalismo solidário. Consideramos que o movimento sindical nunca deve perder de vista que a sua ação se dirige ao conjunto dos trabalhadores e não apenas a segmentos específicos. Defendemos também que a experiência histórica nos indica que o apoio popular ao movimento sindical constitui a melhor garantia de que os ganhos para os trabalhadores são substanciais, equitativos e duráveis no tempo. Alertamos, por isso, para a necessidade de estes aspetos não serem negligenciados na ação sindical.