vida frente à ameaça da mineração. Desde que nos apercebemos que a empresa
Savannah Resources quer aqui fazer uma grande mina a céu aberto, temo-nos
organizado e mobilizado para lhe fazer frente. Estamos cada vez mais
alerta, comprometidos e conscientes que temos de parar este projeto de
destruição» -escreve Nelson Gomes na convocatória para o referido Acampamento.«A mina da Savannah é o projeto de extração de minerais de lítio mais
avançado em território português. É a primeira de várias minas que o
Governo português pretende desenvolver, algumas aqui na região do Barroso,
mas também noutras partes do país. Em breve, se a Agência Portuguesa do
Ambiente emitir um parecer favorável ao desenvolvimento do projeto,
independentemente dos impactes negativos que este trará, abrirá as portas à
destruição de vários territórios» -alerta aquele dirigente do Unidos em Defesa de Covas do Barroso
E continua:«Estamos numa luta desigual e sabemo-lo. Por vezes, sentimo-nos impotentes
frente aos desígnios do poder político e económico e sentimos que a nossa
voz é abafada e não tem força para se fazer ouvir. Mas acreditamos que,
através da solidariedade e apoio mútuo, podemos contrariar este sentimento.
Juntai a vossa voz à nossa até que o clamor ensurdeça o poder que teima em
não nos ouvir.».
Os interesses em jogo
A Savannah Resources está sediada no Reino Unido e encontra-se cotada no
Alternative Investment Market (AIM), um submercado da Bolsa de Londres para
pequenas empresas. Tem ligações privilegiadas com grupos de interesse na
União Europeia e no Governo português, fazendo parte da Aliança Europeia
para as Baterias, um lobby da indústria automóvel dentro da Comissão
Europeia. Na outra mina que pretende desenvolver, em Moçambique, a Savannah
associou-se à Rio Tinto, empresa mineira responsável por vários atentados
ambientais e sociais.
Apesar de ser apresentada como parte da solução para uma mobilidade
sustentável no âmbito Europeu, a Mina da Savannah dá continuidade a uma
lógica extrativista, que nos despoja as terras, põe em risco os meios de
subsistência, piora a qualidade de vida e agrava ainda mais o problema do
despovoamento que enfrentamos. Ameaça também a classificação de Património
Agrícola Mundial que tanto nos orgulha enquanto povo Barrosão. E, como se
não bastasse, ainda coloca em perigo as populações que vivem nas margens
dos rios Beça, Tâmega e Douro.
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