José Teixeira*
Os acontecimentos que se sucederam, após o golpe militar do dia 25 de abril de 1974,
provocaram nos cidadãos uma sensação de plena liberdade e motivou-os para a ação, sobretudo, aqueles que, de algum modo, tinham vindo a remar contra a corrente do regime do Estado Novo.
Os partidos políticos surgiram como cogumelos, bem como correntes de intervenção com maior ou menor carga partidária. A confusão instalou-se face à oferta de tantas “soluções” baseadas em correntes políticas alimentadas do exterior, até então desconhecidas, mas com capacidade de mobilização, e o povo agitou-se e agigantou-se. Entrou em movimento.
Eu senti necessidade de parar, de refletir para agir em moldes diferentes, como a situação exigia. Saber ler as motivações de quem entrava em cena. Procurar caminhos novos, tendo em conta que agora podia e devia agir em liberdade da ação, a qual devia ser aproveitada para fazer caminhar o povo, na construção de uma sociedade mais justa e mais igualitária, de uma forma em que fosse ele, o povo, a tirar o rendimento da sua ação.
Foi na área da reflexão pela e para a ação que a BASE-FUT, foi marcante para mim, sobretudo na minha intervenção junto dos moradores das ilhas da Zona da Bouça, carenciados de uma habitação condigna, de espaços de apoio para as suas crianças e no combate à especulação dos preços de primeira necessidade.
Pôr centenas de moradores a descobrir, a discutir os seus problemas reais, e a procurar as soluções para os mesmos, foi um grande desafio em que a BASE-FUT entrou de forma indireta, pelos momentos de reflexão em grupo que me possibilitou, com resultados que ainda hoje se podem ver no terreno.
Ah! Como eu gostava que os jovens de hoje, as gerações do futuro, alimentassem esta ideia – Caminhar com as pessoas mais frágeis. Ouvir as pessoas, aprender com as pessoas e fazer caminho com elas. Alimentar os seus sonhos, motivar para a ação, de modo que, cada um se sinta senhor e responsável do seu próprio destino e faça o seu caminho, por mais árduo que seja, com a nossa ajuda.
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