Morreu a 24 de fevereiro de 2022!Um padre revolucionário,polémico, pedadogo e iconoclasta quase esquecido! Um caso particular e de estudo na Igreja Católica Portuguesa.
.«Mário Pais de Oliveira (1937-2022) foi Presbítero da Igreja do Porto desde 5 de Agosto de 1962.
Com 5 anos de intensa e fecunda prática presbiteral com jovens dos liceus do Porto e da JEC diocesana, foi chamado a Capelão Militar do Batalhão de Caçadores 1912, que em Mansoa, Guiné-Bissau, prosseguia a Guerra Colonial. Quatro meses depois e sem qualquer julgamento no Tribunal Militar, foi expulso por pregar o Evangelho de Jesus e o direito dos povos colonizados à sua autonomia e independência política e rotulado como ‘Padre irrecuperável’ pelo respectivo Bispo do Vicariato Castrense, D. António dos Reis Rodrigues.
Depois de 14 meses na paróquia de Paredes de Viadores, foi abruptamente exonerado por um decreto que lhe é lido pelo Vigário da Vara que veio a desaparecer da Cúria diocesana, juntamente com a saída do então Administrador Apostólico, D. Florentino de Andrade e Silva. Foi nomeado e tomou posse como pároco de Macieira da Lixa e Zona Pastoral da Lixa em Outubro de 1969, pelo Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, recém-regressado do seu ‘exílio’ dourado de 10 anos na Europa.
Nove meses depois, já é preso político pela Pide/DGS em Caxias. Julgado e absolvido, sete meses depois, pelo Tribunal Plenário do Porto. O feito é festejado com um jantar de gala no Paço episcopal, durante o qual o Bispo declara, alto e bom som, que ’20 séculos depois, o Evangelho voltou de novo ao Pretório e desta vez saiu absolvido’.
Depois de um forçado exílio de 4 meses em Madrid, imposto pelo Bispo e a expensas da Diocese, regressa à paróquia de Macieira da Lixa e, uns dois anos depois, é de novo preso pela Pide/DGS em Caxias. De onde volta a sair, onze meses depois, absolvido pelo mesmo Plenário do Porto. Só que desta vez não há festejos no Paço episcopal. Pelo contrário, fica a saber pela boca do mesmo Bispo que já não é mais o pároco de Macieira da Lixa e que, enquanto ele for Bispo do Porto nunca mais o será em paróquia alguma.
Ao ver-se dispensado de qualquer ofício canónico, Informa então o Bispo que fica de mãos livres para realizar um antigo sonho que é ter uma profissão secular, para poder dar de graça o que de graça recebeu. O que vem a concretizar-se em Janeiro de 1975, quando é contratado como jornalista no vespertino REPÚBLICA, Delegação do Porto. Informa do facto o Bispo e, desde Janeiro de 1975, é Presbítero-Jornalista.
Menos de um ano depois fica no desemprego com o abrupto encerramento do REPÚBLICA pelo ‘Grupo do Nove’ e, algum tempo depois é convidado como Redactor principal, pelo Director do matutino Correio do Minho, em Braga. De onde sai, dez anos depois, para ajudar a fundar o Jornal Fraternizar, em S. Pedro da Cova, editado em suporte papel durante 23 anos pela Associação Padre Maximino. Em 2006, foi de novo viver em Macieira da Lixa, onde prosseguiu como Director do JF, desde 2011, só online. Numa casinha arrendada, Rua Alto da Paixão 298…»
Texto de Jorge Castelo Branco -Gugol Livreiros